Marcello Corrês - O Globo
ORGANISMO DIZ QUE GOVERNO DEVERIA TENTAR SUPERÁVIT PRIMÁRIO DE 2,5% NO ANO QUE VEM, EM VEZ DOS 2% PROMETIDOS
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou o ajuste fiscal promovido pelo governo brasileiro, mas espera um pouco mais de esforço. Em relatório anual sobre o país, o organismo recomendou superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida pública) de 2,5% do PIB em 2016. A meta é 0,5 ponto percentual maior que a prometida pela equipe econômica, que prometeu poupar 1,2% do PIB neste ano e mais 2% nos dois anos seguintes. O estudo — conhecido como Artigo IV — foi concluído em março deste ano, mas divulgado nesta terça-feira.
O diretor-executivo do FMI, Paulo Nogueira Batista - Ailton
“Indo além de 2015, a nova meta do governo de 2% do PIB para o superávit primário começaria a reduzir a dívida pública no cenário macroeconômico central, mas aumentar essa taxa em 0,5% do PIB ajudaria a colocar a dívida pública em um caminho de redução mais firme, ao reduzir os juros da conta mais rapidamente e aumentar a resiliência a choques e potenciais riscos fiscais”, afirmou o Fundo Monetário.
O organismo admite que o país enfrenta um momento em que tem de lidar com objetivos conflitantes: apoiar a atividade econômica e resgatar a credibilidade, via ajuste fiscal. Os especialistas afirmam que a política fiscal poderia ser usada para aumentar a demanda — como já foi feito com a redução do IPI para carros e eletrodomésticos, por exemplo. Mas destacam que, neste momento, com a inflação em alta e a crescente necessidade de poupar água e energia, o governo precisa priorizar a recuperação da credibilidade, principalmente por meio de cortes de gastos.