NATHALIA BIANCO
EXAGEROU
Andressa em maio de 2014, antes dos sinais de rejeição aos preenchedores. Ela recebeu uma dose 16 vezes superior à recomendada (Foto: Studio Woody)
Eterna vice-Miss Bumbum. É assim que Andressa Urach, de 27 anos, se apresenta no Twitter. Ela ficou em segundo lugar no concurso em 2012 e, desde então, agarrou e criou vários tipos de oportunidade para se tornar famosa. Cuspiu na cara de outro participante num reality show. Apareceu em Campinas, São Paulo, com os seios de fora, no início da Copa do Mundo, à espera do jogador português Cristiano Ronaldo, com quem diz ter passado uma noite. Nas últimas semanas, ganhou notoriedade adicional, por um motivo muito mais sério do que esperava. No fim da semana passada, Andressa começava a se recobrar do período em que ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. Ela sofreu uma infecção generalizada, após uma cirurgia para retirada, de suas coxas, de dois produtos preenchedores. A Polícia Civil investiga o caso.
Em 2009, ela decidiu injetar uma substância conhecida como hidrogel nas duas coxas. O produto é um gel preenchedor, usado em pequenas áreas com irregularidades na pele, como rugas ou celulite. Se for aplicado corretamente e em pequenas doses, tende a ser eliminado pelo organismo com o passar do tempo, argumentam seus defensores. Cria, porém, alto risco de inflamação e de infecção. “O hidrogel não é um dos produtos mais recomendados, por ter muitos efeitos colaterais”, diz a médica Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica reforça a crítica. Em novembro, alertou que não recomenda o uso do hidrogel por motivos puramente estéticos. Informou que não há estudos conclusivos sobre seus efeitos de longo prazo. Denise lembra também que procedimentos invasivos, como aplicação de preenchedores, devem ser feitos por um médico. O profissional precisa conhecer bem a anatomia humana, estudar o histórico de saúde do paciente e ter treinamento para lidar com emergências, que podem ocorrer em qualquer cirurgia.