Hailton Madureira de Almeida chegou a ser nomeado nos últimos dias para a secretaria de Habitação, mas a Casa Civil voltou atrás e suspendeu os efeitos da medida
Foto: Manu Dias/GOVBA
Uma das principais apostas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vira alvo de disputa por emedebistas: o comando da secretaria de habitação do Ministério das Cidades, responsável pelo Minha Casa, Minha Vida (MCMC). Apesar do embate, integrantes da pasta e da Casa Civil dizem que está mantido o plano de lançar a nova versão do programa social por volta do dia 15 de fevereiro, previsto para ser lançado na Bahia, estado em que Lula venceu com 72% dos votos. Um conjunto habitacional em Feira de Santana, com 241 unidades habitacionais que estariam em reforma, teria sido o local escolhido para o relançamento do programa já antecipado pelo ministro da Casa civil Rui Costa (PT), se não houver mudanças. Mas, as reuniões sobre o novo modelo estão sendo realizadas por membros do Ministério das Cidades enquanto o secretário da área não é oficializado.
De acordo com informações de bastidores de Brasília, os alagoanos do MDB – Renan Calheiros e o deputado federal Isnaldo Bulhões – brigam para ter o controle da pasta. Hailton Madureira de Almeida, servidor de carreira do Tesouro Nacional e que teve cargo no governo de Jair Bolsonaro (PL), chegou a ser nomeado nos últimos dias para a secretaria de Habitação, mas a Casa Civil voltou atrás e suspendeu os efeitos da medida.
A situação criou um impasse em torno do assunto. O ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), conforme a Folha de São Paulo, tem dito a interlocutores não abrir mão da escolha pelo engenheiro. A Casa Civil afirma que houve um erro operacional. Hailton foi nomeado no Ministério do Desenvolvimento Regional, que não existe mais, antes de ser cedido pelo seu órgão de origem, o Tesouro.
Sem a trasmissão, a nomeação não vale e, com o fim do MDR, a nomeação para a Secretaria de Habitação se tornou sem efeito. Agora, Almeida aguarda a cessão para poder assumir o posto.
Mas a confusão sobre a nomeação de Almeida foi suficiente para a bancada voltar à carga para emplacar no cargo o ex-ministro Maurício Quintella Lessa, que tem perfil político. A articulação é atribuída ao líder na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), próximo do senador Renan Calheiros (AL).
Lessa foi ministro pelo antigo PR (atual PL) e, em 2016, abriu mão da liderança do partido na Câmara para articular e votar a favor do impeachment de Dilma.
Ele saiu do PL em 2021, quando Bolsonaro entrou no partido. Lessa trabalhou como secretário de Infraestrutura do ex-governador de Alagoas Renan Filho (MDB), que foi eleito senador e, no início deste ano, foi nomeado ministro dos Transportes de Lula.
Procurado, Lessa disse não haver clareza ainda sobre situação no ministério. Ele tem uma série de reuniões em Brasília nesta semana.
Integrantes do Ministério das Cidades dizem que a bancada do MDB terá direito a escolher os secretários de Saneamento e de Habitação. Por isso, a pasta insiste que Almeida voltará para o cargo após a correção da falha na nomeação dele.
A indicação de Jader Filho para o ministério já havia sido motivo de disputa interna no MDB. Parte trabalhava pela indicação de José Priante (PA), mas o governador Helder Barbalho (PA) venceu a queda de braço e emplacou o irmão.
Os caciques alagoanos – comenta-se – passam a ganhar importância no governo de Lula. No caso de Isnaldo Bulhões, o parlamentar vem ganhando destaque na formação da base de apoio do governo dentro do Congresso Nacional.
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