De acordo com a OPAS, no Brasil, 99,9% das transmissões ocorrem na Região Amazônica
Na semana em que é celebrado o Dia Mundial da Malária nas Américas (6/11), o Hospital Bom Pastor (HBP), unidade própria da Pró-Saúde em Guajará-Mirim (RO), alerta sobre os principais sinais e dá orientações sobre a doença. Distante dos centros urbanos, o serviço atua como referência para 54 aldeias, em uma da região onde 90% do acesso é feito por meio fluvial.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), no Brasil, 99,9% das transmissões da doença ocorrem na Região Amazônica, com 33 municípios concentrando 80% do total de casos autóctones em 2021.
Dados preliminares do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que em 2021, foram registrados um total de 139.211 casos de malária no país, dos quais 99% foram autóctones, ou seja, tiveram transmissão relatada dentro do Brasil. Especificamente em Rondônia, foram notificados no ano passado, 16.814 casos da doença, onde 56,8% tiveram transmissão em áreas rurais, seguidos da urbana (15,9%) e indígena (13,5%).
A malária é uma doença infecciosa, causada pelo parasita do tipo Plasmódio, transmitido por meio da picada da fêmea do mosquito Anopheles, conhecido como “mosquito prego”, mais abundantes ao entardecer e ao amanhecer. A transmissão ocorre quando o mosquito pica uma pessoa contaminada, levando os protozoários para outra pessoa. Os primeiros sintomas surgem entre dez e 15 dias após a infecção.
O diretor Hospitalar do Hospital Bom Pastor, Geraldo Fonseca, destaca que o habitat do Anopheles, é na mata, onde vivem os indígenas. “Divido a nossa localização, em região remota da Amazônia brasileira, é rotina da unidade testar para malária, principalmente, os pacientes indígenas, independentemente da idade. Todos que dão entrada com histórico de febre realizam a coleta para teste de plasmodium”, explica o gestor.
Os sintomas mais comuns da malária são febre alta, calafrios intensos, tremores, sudorese, perda de apetite e cefaleia. Quando causada pela espécie Plasmodium falciparum, tipo mais grave, pode envolver quadros de anemia grave, convulsões, insuficiência renal e dificuldade respiratória.
“Os sintomas, a intensidade e o padrão variam de acordo com o tipo de malária. Por isso, é essencial buscar atendimento médico o quanto antes, pois as complicações podem ser fatais”, alerta Geraldo.
A unidade realiza consultas, exames, cirurgias, partos e internações, com estrutura pensada especificamente para a população indígena, com itens como redes nas enfermarias, profissionais fluentes em dialetos indígenas e até mesmo uma oca na parte externa.
Prevenção
O principal meio de prevenção é evitar a picada do mosquito que transmite a doença. “Isso pode ser feito com o uso de repelentes na pele exposta e na roupa, além de rede mosqueteira que é acessível e de fácil transporte. Vale ressaltar que essa rede também deve ser impregnada de repelente, como precaução a mosquitos menores que possam atravessá-la”, orienta Juan Carlos Boado, médico e diretor Técnico do Bom Pastor.
O tratamento é realizado por meio de medicamentos fornecidos gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), com objetivo de impedir o desenvolvimento do parasita. “A cura é possível quando a doença é tratada em tempo e de forma adequada. No entanto, sem os devidos cuidados, pode se tornar ainda mais grave e causar a morte”, enfatiza Juan.
Tipos da doença
No Brasil, existem três tipos mais recorrentes de malária:
Plasmodium falciparum: é o tipo mais agressivo, capaz de se multiplicar rapidamente na corrente sanguínea, destruindo até 25% de glóbulos vermelhos no sangue, causando anemia grave. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de formação de coágulos, gerando trombose e embolia (bloqueio de uma artéria).
Plasmodium vivax: refere-se à um tipo de malária branda e raramente mortal. Nesse caso, o tratamento torna-se difícil, isso porque o parasita se aloja no fígado, dificultando sua eliminação.
Plasmodium malarie: a doença provocada por essa espécie tem quadro clínico semelhante à Plasmodium vivax. Nesse caso, o indivíduo afetado pelo parasita, pode ter recaídas a longo prazo com a possiblidade de desenvolver a doença novamente.
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