No encontro, o presidente disse que pode até perder a eleição em uma democracia, mas que não poderia perder a democracia numa eleição
Foto: Marcos Corrêa/PR
Em uma reunião ministerial ocorrida na terça-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou atacar o sistema eleitoral brasileiro e contou com o apoio do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, que cobrou uma espécie de cronograma para que ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) responda os questionamentos que, segundo ele, ainda não tiveram retorno.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, ao lado do general, estavam os comandantes das três Forças. Segundo relatos feitos reservadamente, eles se mantiveram em silêncio durante todo encontro. Procurada, a Defesa afirmou que não procede que o ministro disse que “irá impor um calendário ao TSE”. Mas a pasta confirmou que o ministro fez referência às propostas dos militares, cujo teor é de conhecimento público.
A reunião aconteceu na última terça no Palácio do Planalto e contou com uma fala do deputado Filipe Barros (PL-PR), que relatou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso na Câmara.
O parlamentar apresentou supostas fragilidades do sistema de votação e repetiu teses que foram desmentidas pelo TSE no passado. O tema, aliás, já rendeu a abertura de inquérito contra o parlamentar e o presidente por vazamento de dados sigilosos durante uma entrevista em agosto do ano passado.
Segundo relatos, ele foi convidado pelo próprio presidente para participar da reunião ministerial —o último encontro do tipo ocorreu há meses.
Em seus discursos, Bolsonaro recorreu a fórmulas que já usa publicamente no sentido de questionar o sistema eletrônico de votação. Ele voltou a repetir que teme que haja uma espécie de complô contra si, segundo disseram à Folha pessoas que acompanharam o encontro.
O chefe do Executivo disse ainda que pode até perder a eleição em uma democracia, mas que não poderia perder a democracia numa eleição. E alegou que não pode participar de uma disputa com ela já perdida, cobrando para que as eleições sejam, nas suas palavras, “limpas”.
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