Por Humberto Pinho da Silva
Reza a velha história, que certo homem, nada caritativo, sonhou que tinha chegado ao Terceiro Céu, e foi recebido pelo São Pedro, que lhe mostrou duas portas, e disse-lhe: abre-as e escolhe a que melhor te convém, mas lembra-te de teus pecados e omissões.
O pobre homem, a tremer, como petiz aguardando castigo, abeirou-se de uma, e abriu-a receoso. E o que viu?
Uma extensa mesa com enorme travessa, no meio, repleta de comida expendida, rodeavam-na homens e mulheres lívidos, cadavéricos, blasfemando, nervosamente. Cada um possuía talheres colossais.
Enchiam sofregamente, os garfos, mas não conseguiam – devido ao tamanho, – meter a comida na boca. Bem desejavam alimentarem-se com o auxílio das mãos, mas não lhes era permitido.
Fechou a porta horrorizado, e pensou ser o inferno.
Virou-se, então, para a outra porta, um pouco mais estreita e baixa e abriu-a a medo.
O que viu nessa sala?
Mesa igualíssima à anterior, com travessa semelhante à outra, repleta de magnífica comida. Todos os talheres eram do mesmo tamanho dos que tentavam desesperadamente comer na sala anterior, só havia uma diferença: estavam felizes, de faces sadias e entoavam hinos de louvor. Em lugar de tentarem alimentar-se com os talheres, davam de comer uns aos outros.
Esta parábola ensina-nos que ninguém é feliz sendo egoísta, mas só repartindo e dando de comer e vestir o próximo.
E quem são os próximos?
São os nossos semelhantes, principalmente – os familiares, os que convivem connosco, – que, quantas vezes, são os mais esquecidos.
O mundo seria certamente mais feliz, se todos distribuíssem, não digo o que lhes faz faltas – como a viúva do templo, – mas o que lhes sobeja
Porque maior felicidade é dar, do que receber. Deus não deixará de recompensar, no futuro e no presente.
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