O eletricista aposentado Antônio Fernando Oliveira, morador de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 quilômetros de Salvador, construiu uma espécie de museu para armazenar os 9.198 carrinhos de barro feitos ao longo de quase 50 anos de paixão.
As peças feitas são feitas sem auxílio de tecnologia, fabricadas e pintadas à mão na chácara onde vive o idoso, no bairro Santa Mônica 2.
Ele conta sempre foi apaixonado por todo tipo de veículo, desde pequenas motos até grandes aviões. O idoso de 75 anos diz que, quando criança, costumava sentar à beira da estrada e acompanhar os carros que passavam em alta velocidade, apenas para admirar o vai e vem dos veículos.
O talento para a fabricação das peças começou pela necessidade de ter os próprios brinquedos. Antônio diz que via os amigos ganharem presente em época de festa e como não recebia os carrinhos que queria decidiu fabricar o seu próprio brinquedo.
“Eu aprendi a fazer com a vontade de fazer. Nunca tive curso, aula, instrução de nada. Naquele tempo, eu via Papai Noel dar brinquedo às crianças e nem sempre eu ganhava. Aí eu pegava o material que tinha e fazia meu próprio carrinho. Quando fiquei mais velho, me ‘retei’ e fiz logo um bocado de vez”, disse bem-humorado.
Antônio diz que tomou gosto pela rotina de fabricar suas peças em 1974. Como não tinha acesso a tanta informação, ele costumava ver imagens de carros e aviões em jornais e revistas, fazia o recorte e reproduzia o material em barro nas mãos.
Com as pesquisas e as montagens desde os anos 70, ele conseguiu fabricar modelos de mais de 45 países ultrapassando os 9 mil veículos que tem guardado no quarto improvisado como museu.
“Em 1974, eu comecei a montar essa coleção que tenho até hoje. Ao todo, tenho 9.198 peças. E o pior é que está tão cheio que nem tenho onde guardar mais”, comentou o aposentado.
Processo de criação
Autodidata, Antônio tem o seu próprio método de criar as peças. Apaixonado pelas obras que faz, diz que nunca vendeu nenhum carrinho sequer. O idoso disse que conhece um a um suas obras e que montou um quarto para armazenar as peças com segurança.
Enquanto comenta orgulhoso da coleção, o aposentado relembra que já houve dia em que produziu 16 carros por dia. Atualmente, a depender da disposição, ele fabrica uma peça por vez e explica como funciona o processo de criação. As informações são do G1-BA.
Os pneus são feitos de borracha. O eixo dos carros, com taliscas de coco ou hastes de cotonete. Mas o principal, a carcaça do carro é feita de barro, à mão sem medição e sem auxílio de fogo.
“Cada um tem mais ou menos 10 centímetros. Eu pego o barro, molho, fico ali ajustando. Com uma hora já está pronto. Só deixar secar, pintar e no outro dia e já está finalizado”, disse Antônio.
Rotina de visitas
Antônio Fernando mora no bairro Santa Mônica 2, com a esposa e o filho único do casal, Vinícius. Com a notícia do “minimuseu” na região, outros apaixonados por carro costumam visitar o imóvel e o aposentado faz questão em receber bem os visitantes.
Ele não cobra para quem quer conhecer a coleção, mas fala com carinho do que construiu ao longo dos 47 anos.
“Nunca vendi e não tenho pretensão de vender. E não cobro para quem quer visitar o quarto com as peças. É uma coisa frágil, por isso tenho que ter toda a atenção possível”.
Além disso, Vinícius administra a conta que criou na internet para divulgar as obras criadas pelo pai. O jovem comentou que até tentou se aventurar, mas logo mudou de ideia.
“Aí é só para quem tem o dom. Tentei fazer e não consegui. Me enrolei todo e só perdi meu tempo. Fico hoje só observando”, comentou, orgulhoso do trabalho do pai.
Enquanto isso, Antônio Fernando segue ampliando sua coleção e colocando o talento à disposição da paixão para enfeitar ainda mais o espaço.
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