A lactoferrina é conhecida como o "canivete suíço" do sistema imunológico
Foto: Jonathan Z. Sexton
Uma descoberta surpreendeu cientistas da Universidade de Michigan, EUA, após constatarem propriedades antivirais de uma proteína do leite de vaca contra variantes do SARS-CoV-2, o vírus causador da covid-19. Com informações do Diário da Saúde
O pesquisador Jesse Woring estudou a lactoferrina, encontrada no leite da maioria dos mamíferos. Já se sabia que a lactoferrina do leite de vaca possui características bioativas contra muitas bactérias, vírus e outros patógenos. Por Andréa Fassina / SNB
Agora, Woring descobriu que ela também inibe a infecção por SARS-CoV-2 em condições de laboratório, bloqueando a capacidade do vírus de entrar nas células-alvo, bem como apoiando os mecanismos de defesa antivirais das células.
Ensaios clínicos
Os pesquisadores fizeram testes clínicos com a proteína e acabaram chegando a conclusão sobre a capacidade dessa substância em estudo publicado no Journal of Dairy Sciense.
“A lactoferrina bovina mostrou atividade antiviral em ensaios clínicos em humanos,” acrescentou o professor Jonathan Sexton.
“Por exemplo, a lactoferrina bovina administrada por via oral demonstrou diminuir a gravidade das infecções virais, incluindo aquelas por rotavírus e norovírus. Dada a ampla eficácia e segurança antiviral, efeitos colaterais mínimos e disponibilidade comercial da lactoferrina bovina, vários artigos de revisão sugeriram usá-la como tratamento preventivo ou pós-exposição para a infecção por SARS-CoV-2.”
Foi isso o que a equipe fez, testando a lactoferrina bovina contra algumas das variantes mais comuns do SARS-CoV-2, incluindo a variante WA1, representativa do surto nos Estados Unidos em 2020, a B.1.1.7, B.1.351, e variantes P.1, e a variante Delta.
“Cada uma dessas variantes inclui modificações na proteína de pico do SARS-Cov-2 que reduzem a eficácia das vacinas recém-produzidas. Além disso, cada uma dessas cepas mostra uma neutralização reduzida pelos soros de vacinação,” explicou Sexton.
Os pesquisadores descobriram que a lactoferrina bovina foi eficaz contra todas as cepas testadas em laboratório, e eles esperam que ela também tenha atividade contra cepas emergentes adicionais.
A eficácia desses produtos parece ser totalmente dependente da lactoferrina bovina. A equipe descobriu também que a dextrose, glicose comum, e o sorbitol, não reduziram a eficacia da lactoferrina contra a SARS, o que sugere a viabilidade de produzir uma pílula anti-covid.
Embora sejam necessários trabalhos adicionais para entender completamente o potencial antiviral da lactoferrina bovina em um ambiente clínico, este estudo in vitro representa um passo inicial fundamental para o desenvolvimento de novas frentes contra a pandemia global de covid-19.
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