O Prof. Fernando Barroso coordena o Centro de Processamento Celular do HEMOCE, que será responsável por desenvolver o tratamento revolucionário contra o câncer
- Foto: Viktor Braga
Ainda este ano, o Ceará deverá iniciar um tratamento revolucionário contra o câncer. A técnica consiste em modificar células doentes fora do corpo para, em seguida, reinserí-las no paciente em tratamento contra a doença. Por Rinaldo de Oliveira / SNB
É o CAR-T Cell, o mesmo tratamento de Doug Olson, o homem de 75 anos que foi declarado livre da leucemia crônica, em fevereiro deste ano em Pleasanton, Califórnia, Estados Unidos – como mostramos aqui no Só Notícia Boa. A doença dele não voltou mais após 10 anos de terapia e o tratamento com células imunes eliminou o câncer no sangue que Doug tinha.
Tipos de câncer que que poderão ser tratados
Poderão ser tratados por meio dessa nova técnica casos de linfoma, de leucemia linfóide aguda e o mieloma múltiplo, ou seja, tipos graves de câncer.
Um equipamento de última geração que permite o chamado Projeto de Terapia Celular já foi adquirido pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e será utilizado em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da UFC, Universidade Federal do Ceará.
“O projeto oferece um novo tratamento a pessoas que não têm mais alternativas de recuperação por meio de quimioterapia ou transplante de medula”, comenta o professor Fernando Barroso, da Faculdade de Medicina.
Ele é também o coordenador do Centro de Processamento Celular do Hemoce, unidade que será responsável por desenvolver o tratamento.
Terapia feita na Europa
“É uma terapêutica nova e revolucionária. Ela já está estabelecida na Europa e nos Estados Unidos, mas no Brasil está iniciando agora”, explica o professor.
Ele lembrou que a primeira terapia do tipo foi realizada em Ribeirão Preto, em São Paulo, há dois anos.
“O Brasil está começando a desenvolver esses centros agora, e estamos entrando no início desse processo”.
Treinamento nos EUA e Europa
Nos últimos cinco anos, o Prof. Fernando Barroso dedicou-se a esse tratamento. Ele fez treinamentos nos Estados Unidos e na Europa.
Em 2017, submeteu o projeto do CAR-T Cell ao Conselho de Ética e agora o projeto começa a ser iniciado.
“Este tratamento é um grande avanço. É um projeto inovador e de grande ajuda para salvar vidas. Estou muito feliz, pois este é um grande ganho para o Ceará e para o Brasil”, comemora o professor.
Como funciona o tratamento
A nova terapia é denominada CAR-T Cell, e age em alvos específicos, usando células do paciente e não medicamentos sintéticos.
O procedimento consiste em extrair do paciente as células de defesa – no caso, os linfócitos do tipo T– e moldá-las em laboratório. Esses linfócitos são os responsáveis por comandar a resposta do corpo aos vírus e ao câncer, mas eles podem perder a capacidade de “enxergar” células específicas da doença e destruí-las.
Portanto, em laboratório, os linfócitos são modificados por meio da inserção de um vetor viral em seu DNA, produzindo, assim, as chamadas células CAR-T.
Ao serem inseridas no corpo, as CAR-T passam a atuar reprogramando as células do paciente contra a doença, ou seja, elas começam a matar as células doentes.
Diminui custos
O professor da UFC informa que essa alternativa diminui os custos de tratamentos semelhantes oferecidos pela indústria farmacêutica.
“Quando você o compara com terapias feitas com drogas mais modernas, como a imunoterapia, esse tratamento é mais barato”, reforça o docente.
A expectativa, de acordo com ele, é que ainda em 2022 possa ser iniciado o tratamento do primeiro paciente, a ser realizado no Hemoce, com a parceria do hospital da UFC.
No momento, o equipamento já adquirido está em processo de instalação. Após isso, será feita a etapa de validação e treinamento da equipe. Com informações da UFC e SNB
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