por Ailma Teixeira**Imagem: TV Senado
Escolhida para representar a bancada feminina na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, nesta terça-feira (18), a senadora Kátia Abreu (PP-TO) usou seu tempo com menos perguntas e mais críticas ao depoente do dia, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Ela o desafiou a repetir na CPI as declarações que ele fez contra a China na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
“(...) A AGU pediu, encarecidamente, que um pedaço fosse retirado, pelo amor de deus, ou vai dar um problema diplomático seríssimo. Eu gostaria que o senhor tivesse coragem e repetisse quais foram as palavras que o senhor disse lá naquela reunião ministerial”, pediu.
Ela lembra que, com autorização do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a fala de Araújo foi mantida em sigilo. Já o restante do encontro, que reunia uma série de declarações posteriormente questionadas, foi liberado e exibido em rede nacional pelas emissoras de TV.
Alguns momentos de grande repercussão foram do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugerindo que o governo aproveitasse a atenção da imprensa à Covid-19 para "passar a boiada" nas simplificações, e o presidente Jair Bolsonaro, dizendo que iria intervir nos ministérios, pois não pode ser surpreendido.
Além disso, Kátia também indagou, de forma retórica, o motivo pelo qual o governo insistiu na cloroquina e desdenhou das vacinas, especialmente a Coronavac. Ela ainda criticou a postura de Araújo, já acusado de mentir na CPI (veja aqui).
"Eu imagino que o senhor tem uma memória seletiva, uma memória leviana. O senhor não se lembra nada do que importa e do que ocorreu efetivamente e se lembra de questões mínimas, supérfluas e até mesmo não verdadeiras. A impressão que se tem é que tem um Ernesto, que fala conosco e a gente ouve a voz, e outro que eu não sei onde fica. Nas redes, na internet, nos blogs, falando coisas totalmente diferentes", rechaçou a senadora.
Como disse anteriormente, Araújo não considera suas declarações anti-China, que associam o vírus ao país asiático, como um insulto.
Ernesto Araújo é o sétimo a depor na CPI da Pandemia. Antes dele, os senadores colheram depoimentos dos ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, do atual ministro Marcelo Queiroga, do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, od gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, e do ex-secretário especial de Comunicação do governo, Fábio Wajngarten.
A previsão é de que o general Eduardo Pazuello, também ex-ministro da Saúde, deponha nesta quarta (19), mas o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu autorização para que ele possa ficar em silêncio. Com esses e outros depoimentos, a comissão tenta esclarecer as ações e omissões do governo federal no combate à pandemia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário