Com o início da vacinação contra a Covid-19 no Reino Unido e a expectativa de que o Brasil comece a imunizar a população entre janeiro e março do ano que vem, muitas questões têm sido levantadas.
Entre dúvidas sobre os planos de imunização, número de doses, possíveis reações e durabilidade da vacina, uma pergunta é bastante recorrente: quem já foi infectado pela Covid-19 vai precisar ser vacinado?
Assim como ocorre com tantos outros aspectos da doença, essa resposta não é simples. Para a infectologista Ho Yeh Li, coordenadora da UTI de Infectologia do Hospital das Clínicas da USP, a imunização é recomendada mesmo para quem já enfrentou a Covid-19, mas ela ressalta que será necessário observar de perto o desenrolar dos resultados.
A especialista afirma que, como a doença é nova, as pesquisas ainda não conseguem definir com exatidão o tempo de permanência dos anticorpos no sistema imunológico de pessoas que já foram infectadas.
“A maioria dos estudos fizeram acompanhamento de 3 a 5 meses e boa parte dos pacientes mantém anticorpos detectáveis, mas ainda não dá para dizer o que isso realmente significa, porque há pacientes que, mesmo com anticorpo, se reinfectaram”, explica.
Quanto aos casos de pessoas que tiveram contato com o coronavírus e passaram pela infecção de maneira assintomática ou com sintomas leves, a história é outra.
Segundo o infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e Diretor Médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ, “essas pessoas têm uma chance menor de desenvolver imunidade, e quem teve a doença de maneira mais grave normalmente desenvolve anticorpos em nível maior e aparentemente mais duradouro”.
O especialista afirma que, segundo os estudos, a vacina não oferece riscos para quem já teve Covid-19, independente da gravidade. Não bastassem as variáveis acerca da memória imunológica de quem passou pela Covid-19, também é cedo para afirmar quanto tempo vai durar a proteção trazida pela vacina.
Algumas doenças, como a gripe, passam por mutações frequentes, exigindo que a população seja imunizada uma vez por ano. Outras, como a febre amarela, podem ser prevenidas com uma dose única da vacina, que garante proteção para toda a vida.
De acordo com o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), “é impossível predizer se a vacina de coronavírus necessitará de doses de reforço”.
O especialista explica que só o tempo e as pesquisas dirão como o vírus vai reagir. “Nós vamos precisar de mais tempo para consolidar o conhecimento em relação à duração da proteção das diferentes vacinas. Talvez alguma vacina desencadeie resposta imune de maior duração, outras com menos tempo de proteção”, afirma.
Mesmo depois de afirmar que o plano nacional de vacinação contra a Covid-19 seria entregue nesta quarta-feira (9), o Governo Federal ainda não divulgou oficialmente as datas de início da imunização.
Em entrevista exclusiva à CNN, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a população brasileira pode começar a ser vacinada entre dezembro e janeiro com o imunizante desenvolvido pela Pfizer/BioNTech, o mesmo que já está sendo aplicado no Reino Unido.
No entanto, essa previsão depende de uma autorização emergencial por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Na entrevista, o ministro também afirmou que, caso a CoronaVac seja aprovada pela Anvisa, será incluída no plano nacional de imunização. Desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, o imunizante faz parte do plano estadual de vacinação de São Paulo, que, segundo o governo do estado, começa a imunizar a população em 25 de janeiro. Fonte: CNN
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