Na primeira reunião da Mesa Diretora desde que Davi Alcolumbre assumiu o comando do Senado, há duas semanas, o petista Jaques Wagner fez uma sugestão inusitada aos colegas: que os carros oficiais dos senadores não tenham mais a identificação atual.
Segundo os relatos de três senadores que participaram da reunião, Jaques Wagner alegou questões de segurança: disse que, com a identificação, eles podem ser alvos de protestos nas ruas de Brasília.
Durante a discussão sobre o assunto, um senador chegou a dizer que o próprio presidente da República se vale de carros sem identificação para se locomover em algumas situações.
Alguns senadores, porém, argumentaram que a identificação atual facilita o acesso a órgãos públicos na capital federal.
Um advogado do Senado que participava da reunião ponderou que era preciso encontrar uma brecha legal para que os carros oficiais passassem a circular sem identificação. Foi quando Jaques Wagner acrescentou que, no lugar da placa que identifica cada senador, fossem colocados adesivos do Senado nas laterais dos veículos.
Davi Alcolumbre, então, anunciou que encomendaria um estudo e ficou de deliberar sobre a questão na próxima reunião da Mesa Diretora. Segundo o site Metrópoles, que primeiro noticiou a intenção de Jaques Wagner, uma minuta será elaborada pela Advocacia da Casa.
Ainda na reunião, levantou-se a possibilidade de cada senador escolher se quer continuar ou não com a placa que o identifica.
“Quanto mais transparente for o nosso trabalho, melhor. A placa atual deixa claro para a sociedade onde estamos, para onde estamos indo, o que estamos fazendo. Se podemos sofrer algum ataque? Claro, mas, se for para isso acontecer, será com ou sem placa. A placa proporciona até mais segurança. Eu não vou tirar a minha placa. Essa história de alegar questão de segurança foi desculpa velada”, disse a O Antagonista o senador Marcos do Val (Podemos).
Na reunião da Mesa Diretora, a senadora Leila Barros (PSB) foi a primeira a se manifestar sobre a questão levantada por Wagner. Em nota à nossa reportagem, ela disse defender que “o atual modelo da placa poderia ser trocado por uma identificação que permita ao cidadão continuar fiscalizando a utilização do veículo”. Na opinião dela, “exibir o cargo [de senadora, no caso] na placa pode ser interpretado como uma tentativa de buscar vantagens”.
Também em nota, Jaques Wagner afirmou que não sugeriu que seja “abolida a identificação de veículos oficiais dos senadores”, mas “a sua substituição por uma placa branca e uma inscrição ‘Senado Federal’ nas portas”. Na opinião do senador, a forma de identificação atual é “arrogante”.
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