O jogo ameaça as crianças e induz ao enforcamento
Uma imagem feminina de cabelos pretos, aparência cadavérica e olhos bem grandes tem reacendido a preocupações de pais e educadores em todo Brasil. Depois do jogo Baleia Azul, que viralizou ano passado, é a vez da boneca Momo tirar o sono dos adultos. Segundo correntes que circulam na internet, a imagem assustadora envia desafios para as crianças através do WhatsApp fazendo referência a uma lenda japonesa.
Enquanto a Baleia Azul estimula a automutilação e o suicídio, a boneca Momo induz as crianças e adolescentes a passarem informações pessoais e cometerem atos de enforcamento. Acredita-se que a “brincadeira de mal gosto” já tenha feito uma vítima no Brasil, levando um menino de 9 anos a se enforcar em Recife. Depois do incidente, escolas de vários estados se mobilizaram para alertar os pais sobre a nova ameaça.
Segundo Ana Karina Lanci, vice-diretora de uma escola da Educação Básica, todos os educadores estão em alerta para o uso das redes sociais pelas crianças. “Sempre orientamos os pais para os riscos do uso do celular pelos pequenos. Com o aparelho em mãos, eles ficam suscetíveis a tudo”. Na escola em que trabalha, Ana ainda não viu o caso repercutir entre os alunos, mas optou por enviar um comunicado para todos os pais. “É importante que eles observem o que os filhos consomem na internet. Aqui podemos monitorar o uso do celular, lá fora não. Então, precisamos dessa união entre família e escola”, ressaltou.
Para que os jovens não caiam nessa e em outras armadilhas virtuais que trazem consequências reais, o acompanhamento dos adultos é fundamental. A psicóloga Flávia Brandão Bomfim e pós-graduanda em neuropsicologia explica que as crianças são um público alvo “fácil” e tem dificuldade de nomear e reconhecer os seus próprios sentimentos. “As crianças possuem muito tempo livre e, na maioria das vezes, utilizam os aplicativos da internet sem nenhum tipo de monitoramento dos pais. Vale ressaltar também que esses desafios são bem elaborados, chamam atenção. E as crianças não sabem diferenciar o que é uma brincadeira boa da ruim”, destaca.
Flávia explicou também que o papel dos psicólogos nos casos em que as crianças são expostas a esses “jogos” é intervir primeiramente nas questões subjetivas das crianças, entre elas, o que chama atenção nos jogos e sobre a motivação pelos desafios. “É necessário também um trabalho terapêutico com os pais. Às vezes, o problema da criança é reflexo do contexto familiar”.
A psicóloga também participou de pesquisas na área da educação e acredita que as escolas precisam estar sempre oferecendo palestras para pais e alunos sobre o mau uso da internet, cursos de aperfeiçoamento para professores e ter em sua grade curricular eventos regulares sobre temas atuais. “Acredito que depois desse jogo os pais vão prestar mais atenção no que os filhos assistem e o que fazem na internet. E o papel da escola é estar sempre conscientizando os jovens para os benefícios e malefícios das redes sociais”, ressalta, lembrando que o assunto precisa estar sempre presente e discutido nas relações escolares e familiares.
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