por Álvaro Campos/ Maria Regina Silva | Estadão Conteúdo*Foto: Reprodução
As projeções para a economia brasileira em 2016 pioraram fortemente nas últimos semanas. Os analistas ainda não esperam que o próximo ano seja pior do que 2015, mas suas expectativas estão sujeitas a vários riscos difíceis de colocar na conta. O principal é a possibilidade de ruptura política, com um fim antecipado do mandato da presidente Dilma Rousseff. Se isso ocorrer, 2016 poderia ser pior do que este ano, quando o Brasil deve registrar a maior recessão desde 1990. Nesta semana, o Banco Fibra reviu sua projeção para o PIB de 2016 de -1,2% para -2,6%. "A recessão atual será marcada por uma severa estagnação da demanda agregada que deve durar alguns anos", diz o economista-chefe da instituição, Cristiano Oliveira. Para ele, no entanto, dificilmente o próximo ano será pior do que 2015.
Um dos fatores é estatístico, já que a base de comparação começa a ficar muito baixa. Além disso, enquanto este ano o desempenho econômico começou mais positivo e foi piorando, em 2016 a expectativa é de um início difícil, mas uma melhora gradual a partir do segundo semestre. "Para 2016 ser pior do que 2015 precisaríamos de um câmbio perto de R$ 5,00, juros subindo e uma queda muito mais forte na confiança do empresário. Esse cenário ainda me parece muito improvável", explica Oliveira. Já para o Bank of America Merrill Lynch, o próximo ano conseguirá sim ser ainda pior. O banco reviu esta semana para -3,5% sua projeção para o PIB de 2016, enquanto manteve a perspectiva para este ano em -3,3%. "A incerteza sobre a política permanece alta, com pouco sinal de melhora no curto prazo, indicando que a recessão pode se intensificar e a retomada da economia pode ser atrasada", afirmam os economistas David Beker e Ana Madeira em relatório. Para o economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, o PIB do ano que vem deve cair 2,57% no seu cenário-base, após contração de 3,56% este ano. No cenário pessimista, a queda em 2016 chegaria a 3%. Ele explica que alguns impulsos negativos para a economia mais antigos devem se dissipar até o segundo trimestre do próximo ano. "Estatisticamente, é difícil que a velocidade de queda do PIB na margem continue em aceleração por vários trimestres", explica. Assim, o ponto máximo de queda do PIB, na margem, deve ter sido registrado no terceiro trimestre deste ano. Já a taxa anualizada deve ter seu piso no segundo trimestre de 2016, com -5,37%. Silveira calculou que, ao final do atual período de recessão, em 2017, a perda de renda nacional chegará a quase R$ 2,315 trilhões.
Isso significa que o PIB brasileiro estaria 15% abaixo do nível que seria atingido se fosse mantida uma taxa de crescimento próximo da potencial. Mesmo assim, ele se mostra relativamente otimista, afirmando que, resolvidos os problemas atuais, a recuperação seria rápida, graças a algumas características do Brasil, como a estrutura etária ainda positiva, a abundância de recursos naturais e as oportunidades criadas pela grande desigualdade de renda. "O Brasil é como criança pequena: fica doente, mas se recupera rápido. A história mostra que o maior problema brasileiro não é crescer de menos, é crescer demais", comentou Silveira, explicando que aí surgem problemas como a inflação, gargalos de infraestrutura e outras dificuldades.
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