Juirana Nobres e Caíque Verli**Do G1 ES e de A Gazeta
Namorado de Ana Clara é policial militar (Foto: Reprodução/ Instagram)
A Justiça suspendeu o procedimento administrativo que pedia a expulsão do policial militar Itamar Rocha Lourenço, suspeito de matar a namorada Ana Clara Cabral, de 19 anos.
A defesa de Itamar alega insanidade mental e que, por estar tomando remédios, ele não poderia responder ao procedimento que foi aberto pela Corregedoria da Polícia Militar do Espírito Santo.
A família da vítima disse nesta quarta-feira (1º) que deseja que a liminar seja revertida. O suspeito continua preso no Quartel da Polícia Militar, em Maruípe.
Crime
Ana Clara Cabral foi vista viva pela última vez ao sair de uma reunião de família em companhia do namorado, na noite do dia 4 de fevereiro.
O corpo da jovem foi encontrado no dia seguinte, em uma ribanceira às margens da BR-101, na rodovia do Contorno. A perícia da Polícia Civil disse, na época, que foram encontradas cinco marcas de tiros no corpo da jovem: dois na cabeça e três nas costas.
Decisão
A decisão liminar, concedida no dia 18 de março, foi da juíza Sayonara Couto Bittencourt, da 4ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde.
A juíza atendeu a um pedido de mandado de segurança do advogado de Itamar para que suspendesse o processo administrativo. Na decisão, a magistrada entende que o PM "encontrava-se em tratamento médico, fazendo uso de substância psicotrópicas e que sofria de depressão desde outubro de 2013".
Segundo a decisão, um artigo do decreto disciplinar da polícia diz que nenhum militar pode ser interrogado sob efeito de substâncias do tipo. Ainda não houve comprovação médica do estado de saúde de Itamar.
A decisão da juíza, que não é definitiva, é referente apenas ao procedimento administrativo de suspensão de Itamar do quadro da Polícia Militar do Estado e não interfere no processo criminal aberto contra ele.
A suspensão surpreendeu familiares de Ana Clara, que desejam que a liminar seja revertida. Eles informaram que pretendem recorrer da decisão.
Polícia
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) informou, por meio de nota, que o inquérito da Polícia Civil foi concluído e encaminhado ao Ministério Público.
Já o Procedimento Administrativo Disciplinar instaurado pela Polícia Militar para julgar a permanência do soldado Itamar Rocha Lourenço Júnior nos quadros da corporação teve todos os seus trabalhos paralisados por ordem do Poder Judiciário.
Segundo a Sesp, a Corregedoria da PM não vai se manifestar a respeito da suspensão do processo, por se tratar de uma decisão judicial. A secretaria informou que, por isso, o que se deve fazer é cumprir a decisão. A PM pode recorrer, caso deseje, mas ainda não decidiu sobre o assunto.
Protesto
Amigos e familiares da jovem protestaram no dia 22 de março. Eles pediram por paz e pelo adiantamento do julgamento do soldado da Polícia Militar Itamar Rocha Lourenço. O protesto aconteceu em frente ao Quartel de Maruípe, onde Itamar está preso.
Durante o protesto, a mãe, Ana Kátia Félix, disse que vai lutar para que Itamar seja condenado. “Eu vou lutar até o fim para que ele seja incriminado. Ele convivia com a gente há dois anos e fez uma crueldade dessa com a minha filha, e ela sempre acreditou que ele nunca faria isso. Ela dizia: 'Mãe, ele não tem coragem de matar uma mosca'. Ele não é doido, está se fingindo de doido, mas não é. Ele é pessoa normal, que provavelmente se drogou demais, bebeu e cometeu esse crime”, desabafou.
A família quer pedir um adiantamento administrativo da expulsão do policial militar da corporação. “Para que esse caso não caia no esquecimento. E para que isso não repita, porque todos os dias vemos meninas e mulheres sendo mortas de forma banal”, disse a mãe.
Investigações
O delegado José Lopes explicou que Itamar foi contraditório no início das investigações. A princípio, o crime seria conduzido pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. A Polícia Civil disse que um boletim de ocorrência online informava que o casal tinha sofrido um sequestro.
A ocorrência dizia que o casal estava saindo de um motel, em Cariacica, quando foi abordado por bandidos. Informou ainda que Itamar conseguiu escapar, mas os criminosos fugiram com o carro e Ana Clara.
O carro do soldado foi encontrado em Nova Rosa da Penha com marca de tiro, manchas de sangue e fios de cabelo loiro.
O delegado José Lopes disse que após pedir exames de pólvora nas mãos e de DNA nas unhas, Itamar ficou muito nervoso e não colaborou mais com declarações. Ainda de acordo com o delegado, um amigo do militar, que trabalha no Grupo de Operação Táticas (GOT), disse à polícia que recebeu uma ligação de Itamar dizendo que ele tinha feito uma besteira e contou onde estava o corpo da jovem.
Os policiais foram ao local indicado e encontraram o corpo de Ana Clara. A arma utilizada no crime não foi localizada, e Itamar não mostrou à polícia a camisa que usava no dia 4 de fevereiro.
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