Visto no R7
Conhecidos pelas constantes polêmicas, os deputados federais Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Jean Wyllys (PSOL-RJ) se sentariam lado a lado em um voo nesta terça-feira (7). Porém, ao perceber quem seria seu “vizinho” de assento, Jean Wyllys se levantou e trocou de poltrona.
O avião partiu de manhã, do aeroporto Santos Dumont, no Rio, para Brasília. A cena foi gravada pelo próprio Bolsonaro, que fez questão de mostrar o cartão de embarque e a poltrona 12B, justamente ao lado de onde já estava sentado o deputado do PSOL.
No Facebook, Bolsonaro classificou a atitude do colega de Parlamento como uma “clara demonstração de intolerância, preconceito, discriminação e heterofobia”. Ele ainda aproveitou para alfinetar o projeto de lei que criminaliza a homofobia e tramita no Senado. “Se fosse eu quem tivesse praticado tal atitude, pelo PLC 122/2006 (Senado), que criminaliza a homofobia, estaria sujeito à pena de 1 a 3 anos de reclusão, além da perda do mandato”, escreveu.
Por Jean Wyllys
Presa pela ditadura Vargas - que durou de 1937 a 1945 e colaborou com o regime nazista de Hitler - sob acusação de "subversiva" por causa de suas atividades no então clandestino Partido Comunista, a jornalista e escritora Patrícia Galvão (mais conhecida como Pagu) foi retirada da cela e conduzida com outras companheiras à presença do interventor Ademar de Barros, que visitava a prisão na ocasião, mas era conivente com as - e incentivador das - torturas e outras violências praticadas contra os presos políticos. O diretor do presídio exigiu que as prisioneiras, em fila, cumprimentassem a autoridade política. Todas as outras presidiárias cumpriram a ordem, apenas Pagu não estendeu a mão a Ademar de Barros. Quando o diretor do presídio exigiu que ela o obedecesse, Pagu respondeu: "Não dou a mão a carrascos nem a interventores!". E, por isso, foi conduzida à solitária pela desobediência.
Tenho, em Pagu, uma das minhas referências. Escroques que defendem e estimulam a tortura (crime de lesa-humanidade!); que apoiam regimes autoritários e fascistas; que fazem apologia ao estupro de mulheres; que desrespeitam as famílias de pessoas mortas sob torturas em masmorras de ditaduras; que lamentam que intelectuais de esquerda não tenham sido metralhados; que defendem a violência contra crianças e adolescentes; que aplaudem a degola de presidiários; que estimulam a homofobia e outras violências contra homossexuais; e que financiam, com dinheiro público, sórdidas campanhas difamatórias contra adversários políticos, recorrendo à calúnia não merecem que lhes estendamos a mão nem que sentemos ao seu lado onde quer que seja.
Lamento que, neste Dia do Jornalista, o jornalixo dê o tom, abrindo espaço para que escroques piores que Ademar de Barros mintam sobre os motivos de suas vítimas se recusarem a estar ao seu lado.
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