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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vendeu brigadeiro, juntou R$ 9 mil em três meses e vai pra Europa


Foto: arquivo pessoal/Facebook - Um rapaz de 26 anos conseguiu juntar 9 mil reais em 3 meses vendendo brigadeiro em Brasília.
Foi a forma que o árbitro João Ricci encontrou para levantar dinheiro e realizar seu sonho: viajar para a Espanha para assistir a um campeonato mundial de basquete.
A viagem toda custará R$ 15 mil.
 
O começo
"Tinha R$ 20 no bolso e fiz duas panelas de brigadeiro. Pensei: bom, o máximo que pode acontecer é ninguém querer comprar e eu comer tudo sozinho", disse ao G1.

"Comecei a vender no terminal do Cruzeiro (em Brasília) e passei pelos comércios do Sudoeste e, em 40 minutos, havia vendido os 50 brigadeiros. Voltei para casa com R$ 50."

Com a renda, o brasiliense comprou mais leite condensado e achocolatado e passou a vender o doce em restaurantes, parques e comércios da área central de Brasília.

Ricci diz que reservou os dias entre quinta e domingo para vender os brigadeiros.
 
Faturamento
Por dia, ele vende, em média, 220 brigadeiros a R$ 1 – o que rende quase R$ 900 por semana.
Segundo ele, é possível fazer a massa, enrolar os brigadeiros e vender todos em menos de cinco horas.

"Gasto uma hora para fazer a massa, que faço no dia anterior, para dar tempo de esfriar. Depois, gasto uma hora e meia para enrolar e duas horas para vender", diz.

"Meu objetivo inicial era juntar R$ 1 mil por semana, mas é muito desgastante. O [ato de] vender cansa, mas é satisfatório porque você conversa com um monte de gente, o pessoal gosta, quer saber da história. Mas o que cansa, rotineiramente, é o fazer."
 
Com os R$ 9 mil que juntou em 3 meses de trabalho Ricci já comprou as passagens e os ingressos para o Mundial.
 
Estrangeiros
A Copa do Mundo foi uma grande oportunidade de vendas para o árbitro. Durante a final do campeonato, ele chegou a vender 450 brigadeiros.

Os estrangeiros, segundo ele, aproveitaram a oportunidade para conhecer o doce.
"Na mesa do bar a pessoa amiga, quando brasileira, sempre falava 'é chocolate brasileiro, prova', e apresentava para os gringos, que experimentavam e gostavam, porque é um doce que não existe lá fora", diz.

Apesar de ter se tornado um "expert" na produção de brigadeiros, Ricci não atribui o sucesso das vendas ao produto em si, mas à história por trás das vendas, que motiva as pessoas a contribuírem com seu projeto.

Árbitro de basquete da categoria nacional do país, Ricci acredita que assistir ao campeonato mundial pode aumentar suas chances de conseguir se tornar um árbitro de categoria internacional.
 
"Meu tipo de serviço não é nem tão sofisticado quanto o de gente que vende doce à noite em Brasília. Tem qualidade, vem bastante dinheiro, mas tenho certeza de uma coisa: o que faz vender é a história em si e o preço. Não é uma coisa vazia. Se chego até a mesa e ofereço o brigadeiro a R$ 1, ninguém quer comprar. Mas quando falo que vendo brigadeiro para juntar dinheiro para pagar minha viagem de intercâmbio, tem outra conotação, tem a identificação de pessoas que já foram ou têm vontade de ir para fora. Isso é unânime, todo mundo tem vontade de viajar."
 
Além da viagem conquistada, o árbitro afirma que vai levar como bagagem da experiência a liberdade de poder viver como ele decidir.
 
"O que consegui perceber desse tempo é que a gente cria paradigmas no estilo de emprego e na forma de ganhar dinheiro que a gente tem que ter em Brasília. Existe uma cultura muito grande de concurso público, de formação acadêmica muito exacerbada, em que a gente tem que ser superformado, mas tem milhares de graduações e não sabe fazer nada", afirma.
 
"O que a gente precisa de verdade é sobreviver, é ganhar seu dinheiro para fazer suas coisas, seu projeto. Dizem que você pode ficar velho e que precisa ter um projeto de vida, mas esse projeto pode acontecer sendo funcionário público, tendo um restaurante ou vendendo brigadeiro." Com informações do G1

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