O jornal americano "The New York Times" defendeu neste sábado (27) a legalização da maconha, comparando as leis federais contra a maconha com a proibição do álcool que na década de 1920 enriqueceu a máfia. Em seu editorial, a prestigiada publicação afirmou que, por um lado, as leis anti-maconha prejudicam de maneira desproporcional os jovens negros e, por outro, o vício e a dependência são "problemas relativamente menores" se forem comparados com os gerados pelo álcool e pelo tabaco. "Os Estados Unidos levaram 13 anos para voltar à sanidade e colocar fim à proibição (de álcool). Treze anos nos quais as pessoas seguiram bebendo, nos quais os cidadãos que respeitavam a lei se tornaram delinquentes e nos quais as organizações criminosas floresceram", indica o texto. "Passaram-se mais de 40 anos desde que o Congresso aprovou a atual proibição da maconha, que infligiu um dano enorme à sociedade ao proibir uma substância muito menos perigosa que o álcool. O governo federal deve revogar a proibição da maconha", prossegue. Depois de detalhar que a equipe editorial chegou a esta conclusão após prolongadas discussões, o Times descreveu os custos sociais das leis anti-maconha como enormes. O jornal citou números do FBI, segundo os quais 658 mil pessoas foram presas por posse de maconha em 2012, um número muito maior que as prisões por cocaína, heroína ou derivados. Por outro lado, o resultado destas detenções "é racista, porque recai de maneira desproporcional sobre jovens negros, o que arruína suas vidas e cria novas gerações de criminosos profissionais". Embora apoie a proibição da venda de maconha a menores de 21 anos, o jornal indicou que "o uso moderado de maconha não parece representar um risco para os adultos saudáveis". O editorial, intitulado "Contra a Proibição, outra vez", marca o início de uma série de histórias sobre este tema e convida os leitores a participar do debate. Dois estados do país já legalizaram completamente o consumo de maconha com fins recreativos: Colorado, no oeste, e Washington, no noroeste. Enquanto isso, 23 dos 50 estados dos Estados Unidos, além da capital federal, aprovam o uso de maconha com fins médicos.
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