Condenados pela Justiça Federal do Rio de Janeiro em abril pelo crime de lavagem de dinheiro, três ex-policiais civis que pertenciam ao grupo dos "inhos" ganhavam salários de menos de R$ 2.000 mensais da corporação mas possuíam imóveis avaliados em até R$ 1,5 milhão, segundo relatório da sentença proferida pela 4ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Os ex-policiais, que foram expulsos da corporação mas estão em liberdade, foram denunciados pelo crime em 2006 pelo Ministério Público Federal. A condenação ocorreu somente em abril deste ano. Os imóveis, consta nos autos, foram colocados em nomes de parentes dos ex-policiais, que eram usados como "laranjas".
O grupo dos "inhos", de acordo com a Justiça Federal, era formado por agentes que teriam sido supostamente capitaneados pelo ex-chefe da Polícia Civil fluminense, Álvaro Lins, que comandou o órgão em períodos dos governos de Anthony Garotinho (1999 a 2002) e Rosinha Garotinho (2003 a 2006).
Segundo as investigações, a cooptação dos "Inhos" seria para, em troca de dinheiro, facilitar a atuação da quadrilha de Rogério Andrade, apontado como um dos principais contraventores do Estado.
Mansão de R$ 1 milhão em Jacarepaguá
De acordo com os autos, a mulher de um dos ex-policiais condenados, Fábio Menezes de Leão, o Fabinho, teria adquirido uma mansão na rua José Carlos Pace, no bairro do Anil, em Jacarepaguá, na zona oeste da capital, em 2005.
O imóvel, consta na sentença, estava avaliado em R$ 1 milhão . Tinha 800 metros quadrados de área construída, com piscina, campo de futeobl gramado, adega subterrânea, sauna e quatro quartos.
O casal declarou ter comprado o imóvel por R$ 280 mil na época sendo que a mulher de Fabinho alegou ter comprado a mansão com dinheiro de uma suposta herança.
Consta ainda no processo que Fabinho teria vendido também 11 terrenos, entre 2004 e 2005, no bairro de Guaratiba, na zona oeste da capital, por valores entre R$ 30 mil e R$ 120 mil. Somando tudo, os lotes valeriam R$ 417 mil.
Fabinho foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto e 133 dias-multa no valor de um salário mínimo.
Apartamento de R$ 1,5 milhão em condomínio no Recreio
O ex-policial Jorge Luís Fernandes, conhecido como Jorginho, foi condenado a cinco anos, quatro meses e 24 vinte e quatro dias de prisão no regime semiaberto.
Um dos imóveis supostamente adquiridos por Jorginho ficava no condomínio Miramar, no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste da capital.
De acordo com os autos, o apartamento foi adquirdio em 2002 e colocado no nome da sogra do então policial. De acordo com o Ministério Público Federal à época da denúncia, o apartamento estava avaliado em R$ 1,5 milhão.
O outro imóvel que teria sido adquirido pelo ex-policial ficava na avenida Governador Raul Veiga, também no Recreio dos Bandeirantes. Segundo os autos, o apartamento teria valor de mercado de R$ 600 mil e fora registrado no nome da mãe de Jorginho. Foi comprado em 2004 mas teve o valor declarado de R$ 80 mil.
O terceiro imóvel, segundo consta os autos, ficava na praia dos Tucunus, em Armação de Búzios, na Região dos Lagos. Os autos indicam que foi adquirido em 2006 em nome da mãe do então policial. Na época, estava avaliado em R$ 200 mil.
Cobertura de R$ 900 mil no Recreio
Na sentença da 4ª Vara Federal Criminal, o ex-policial Hélio Machado da Conceição, o Helinho, foi condenado por lavagem de dinheiro a cinco anos em regime semiaberto, três meses e 116 dias-multa no valor do salário mínimo.
Nos autos, Helinho foi acusado de adquirir com sua mulher uma cobertura na rua Governador Raul Veiga, no Recreio, em 2002. Quatro anos depois, consta nos autos, o imóvel foi avaliado em R$ 900 mil mas o casal declarou que ele valia somente R$ 65 mil.
Consta também que a mulher de Helinho teria comprado um apartamento na rua Clóvis Salgado, no Recreio, em 2002, avaliado em R$ 300 mil, mas que teve valor declarado de R$ 100 mil.
Compras com o dinheiro do crime
De acordo com o texto da sentença, os três ex-policiais teriam acumulado um patrimônio absolutamente incompatível com os vencimentos auferidos licitamente por um inspetor de Polícia Civil, em mais um indício de que este patrimônio teria sido conquistado de forma ilícita, com o produto dos crimes que lhes foram imputados nas ações penais.
Na sentença, a Justiça Federal ainda determinou todo o sequestro dos bens e também a perda do cargo público dos acusados no período entre oito e 12 anos.
A Justiça concedeu o direito aos três de responderem em liberdade. De iG Rio de Janeiro
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