Secretários do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) tinham contas pagas pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, segundo conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal e divulgadas nesta terça-feira, 17, pelo jornal O Globo. Os pagamentos seriam realizados por meio da construtora Delta, apontada pela PF como empresa integrante do esquema de Cachoeira.
Os diálogos com o ex-vereador Wladmir Garcez (PSDB), que seria o braço político do esquema, ocorreram em abril do ano passado. A conversa mostraria a irritação de Cachoeira por não conseguir colocar indicações suas no governo de Perillo.
"Eu não consigo pôr no Detran, o Wilder foi lá e emplacou. O Wilder não dá um centavo pra ninguém. Imagina só: o Wilder vai lá para o Palácio, consegue convencer o Marconi a colocar o cara e você tá lá todo dia e não fala nada. Você tá com o secretariado todo dia, todo dia você traz conta pra mim, levo pro Cláudio, e não consegue emplacar ninguém. Entendeu? - reclamou Cachoeira, fazendo referência a Cláudio Abreu, da Delta Construções. O Wilder mencionado é empresário Wilder Pedro de Morais, senador que assumiu a vaga no Senado lugar do ex-senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Em reportagem desta terça, o Estado revela que dados bancários da CPI, da PF e do governo de GO indicariam que a Delta bancou a compra da casa do governador. Cachoeira estava neste imóvel quando foi preso, em fevereiro deste ano. A PF acredita que a Delta firmou um "compromisso" com Perillo, intermediado por Cachoeira, após a posse no governo. A compra da casa teria sido a primeira negociação após o acerto.
Em nota, Perillo alegou que os três repasses citados pela PF fazem parte de um total de 13 pagamentos feitos de forma regular à Delta, por parte da Secretaria de Segurança Pública. Sobre as denúncias de que secretários tiveram as contas pagas, o governador ainda não se pronunciou.
Diante das notícias recentes envolvendo o governador, integrantes da CPI do Cachoeira avaliam reconvocar Perillo para dar explicações.
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