Dois pontos foram os mais marcantes em Cannes: o fracasso nas negociações sobre a pauta estabelecida pelo país anfitrião, a França, e a mudança de discurso dos líderes mundiais, assustados com a perspectiva de um mergulho na recessão
Andrei Netto
Andrei Netto
A turbulência política na Grécia e a crise econômica na Europa ofuscaram os principais temas da cúpula do G-20 de Cannes, encerrada ontem. No encontro, os líderes mundiais não chegaram a um acordo para recapitalizar o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef). Os recursos poderiam ser usados no plano de resgate europeu.
Em contrapartida, as 20 maiores potências deixaram em segundo plano o discurso sobre austeridade fiscal, enfocando crescimento, reequilíbrio, fomento aos mercados internos e geração de emprego – como pregava o Brasil.
Dois pontos foram os mais marcantes em Cannes: o fracasso nas negociações sobre a pauta estabelecida pelo país anfitrião, a França, e a mudança de discurso dos líderes mundiais, assustados com a perspectiva de um mergulho na recessão.
Sobre o aumento do capital do FMI, o acordo foi adiado para dezembro numa reunião de ministros de Economia e Finanças do G-20, em Paris ou no México. Para efeitos práticos, o FMI não contará por ora com o US$ 1 trilhão especulado, e sim com seus recursos atuais, inferiores a US$ 300 milhões. De concreto, só a promessa de recapitalização.
“Cuidaremos para que o FMI continue a dispor de recursos necessários para desempenhar seu papel sistêmico em proveito do conjunto de seus membros”, diz a declaração final da cúpula.
Compromisso. Os líderes não definiram, porém, como se dará a recapitalização. De acordo com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, houve “um compromisso para reforçar os meios do FMI”, o que deve ocorrer até fevereiro de 2012. “O FMI deve desempenhar o papel de firewall (proteção) contra o risco sistêmico”, disse, adotando a expressão usada pela delegação americana.
Compromisso. Os líderes não definiram, porém, como se dará a recapitalização. De acordo com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, houve “um compromisso para reforçar os meios do FMI”, o que deve ocorrer até fevereiro de 2012. “O FMI deve desempenhar o papel de firewall (proteção) contra o risco sistêmico”, disse, adotando a expressão usada pela delegação americana.
A proposta do Brasil para a recapitalização – bem aceita, segundo diplomatas franceses disseram ao Estado – é a de empréstimos bilaterais, em troca da redistribuição das cotas do FMI.
Segundo a presidente Dilma Rousseff, o País está pronto a participar do aumento de recursos. “A posição do Brasil foi clara: estamos dispostos a participar da elevação dos recursos do Fundo por empréstimos bilaterais”, disse ela, ressaltando que o País usaria suas reservas para tal.
Assim como o FMI, o fundo europeu não viu seus recursos subirem dos atuais € 440 bilhões para € 1 trilhão. Os europeus seguem buscando um consenso sobre o tema, mas já sabem que não poderão contar com os países emergentes. “Não tenho a menor intenção de fazer uma contribuição direta para o Feef. Por quê? Porque eles não têm. Por que eu teria?”, questionou Dilma, sem esconder um tom de crítica: “Vocês estão vendo toda a confusão sobre o aumento dos recursos do fundo europeu”.De http://www.jt.com.br/seu-bolso/
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