por Bruno Leite / BN**--**Foto: Reprodução / TV Globo
O primeiro bloco do debate promovido pela Rede Globo, nesta quinta-feira (29), foi marcado por embates entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL).
De tema livre, a primeira parte do programa foi iniciada por uma pergunta do candidato Ciro Gomes (PDT), que foi sorteado previamente para dar o pontapé inicial. O questionamento, sobre o acúmulo de riquezas de empresários durante dos governos petistas, foi endereçado a Lula.
Em resposta, Luiz Inácio enumerou os programas de distribuição de renda, benéficos aos mais vulneráveis socialmente, e fez questão de lembrar a participação do pedetista no seu primeiro governo, onde exerceu o cargo de ministro da Integração Nacional: "Você saiu do meu governo porque queria ser deputado", esclareceu.
Após o primeiro embate, foi a vez de uma "dobradinha amiga", entre Padre Kelmon (PTB) e Jair Bolsonaro (PL). O baiano indagou o atual presidente sobre os citados avanços do Auxílio Brasil e os dois protagonizaram uma interação elogiosas acerca das ações do governo federal ao longo da pandemia da Covid-19.
A conversa entre os dois candidatos abriu espaço para informações falsas, utilizadas por Bolsonaro em sua campanha em 2018, como as relacionadas ao que chamaram de "ideologia de gênero" e de acusações de que mandatos petistas incentivaram a iniciação sexual de crianças.
O primeiro direito de resposta foi concedido a Lula, que pediu "o mínimo de honestidade" a Bolsonaro. "Disse que eu formei quadrilha e ele com a rachadinha", provocou o ex-presidente.
Bolsonaro também pediu o mesmo direito e usufruiu dele. "Mentiroso, traidor da pátria. Que rachadinha? Rachadinha dos teus filhos", devolveu, ao falar que o petista seria responsável por esquemas de propina. Governadores nordestinos também foram alvo de ataques.
Uma confusão chegou a se formar no estúdio, provocada por Jair Bolsonaro. O editor do Jornal Nacional interviu e pediu que o liberal respeitasse as regras combinadas entre a produção do debate e as campanhas.
Um terceiro direito de resposta foi concedido a Lula. "É uma insanidade o presidente da República vir aqui e falar o que ele fala. Dia 2 de outubro o povo vai te mandar para casa", declarou o primeiro colocado nas pesquisas eleitorais, que prometeu um decreto retirando sigilos de 100 anos decretados pelo Executivo nacional em 65 dados que deveriam ser públicos.
Uma nova "dobradinha" se formou, desta vez entre Ciro e o candidato do Novo, Luiz Felipe D'Avila. Ambos criticaram as gestões do Partido dos Trabalhadores à frente do Palácio do Planalto.
Depois do bate-papo entre o cearense e o administrador. Conforme foi previsto pelo sorteio, Bolsonaro foi o escolhido. Ele provocou a senadora por Mato Grosso do Sul, Simone Tebet (MDB), e pediu que ela falasse sobre a morte do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT), que segundo a vice dela, seria de responsabilidade de correligionários e do próprio ex-presidente Lula.
Frente a frente com o ex-capitão, Simone disse confiar na sua vice, mas se negou a concordar com a acusação e explanou para o público a má condução do governo federal durante a pandemia.
Por ter sido citado, Lula pediu direito de resposta mais uma vez. E foi concedido. O ex-presidente ressaltou a sua boa relação com o ex-gestor da cidade paulista. "Pare de mentir porque o povo não suporta mais", continuou, pedindo que Bolsonaro fosse responsável e não utilizasse o caso Celso Daniel, apontado por ele como um episódio já resolvido e que teve como desdobramento a constatação de que se tratou de um "crime comum".
Outros enfrentamentos também tiveram destaque no decorrer do debate. Em dado momento Kelmon e Soraya Thronicke (União) se enfrentaram. Nesta oportunidade, a advogada apontou o sacerdote como um cabo eleitoral de Bolsonaro e indagou: "Você não tem medo de ir para o inferno?".
Um novo direito foi concedido a Lula, que se disse incomodado em interromper o debate mais uma vez. "Poderíamos estar discutindo o futuro desse país", lamentou. "Queria lembrar às pessoas que graças ao que fizemos a corrupção foi descoberta e as pessoas foram punidas", destacou o metalúrgico.
Dois pedidos de direito de resposta, um de Bolsonaro e outro de Soraya, foram negados. Tebet e D'Ávila encerraram o primeiro bloco.