Cerca de 863 pessoas ficaram feridas perto de Meca. É a maior tragédia durante o Hajj em 25 anos
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Um muçulmano caminha entre corpos da tragédia que deixou centenas de mortos na peregrinação anual a Meca - Uncredited / AP
MINA — Ao menos 717 pessoas que participavam de uma peregrinação morreram em um tumulto perto de Meca, na Arábia Saudita, no primeiro dia do Edi al-Adha (Grande Festa ou Festa do Sacrifício), informaram as autoridades sauditas. Cerca de 863 pessoas ficaram feridas no incidente no vale de Mina, a cerca de cinco quilômetros de Meca, na maior tragédia durante o Hajj — a peregrinação à cidade sagrada — em 25 anos no país.
O tumulto eclodiu na manhã desta quinta-feira quando dois grandes grupos de peregrinos aglomeraram-se em um cruzamento de duas estradas, às 9h, quando se dirigiam à Jamarat — a estrutura na qual os fiéis apedrejam simbolicamente Satanás.
De acordo com um comunicado da Defesa Civil difundido nas redes sociais, a multidão fez com que muitas pessoas caíssem e fossem esmagadas ou pisoteadas. O príncipe saudita Khaled al-Faisal, governador de Meca, responsabilizou "alguns peregrinos de nacionalidades africanas" pela confusão.
No Twitter, a Defesa Civil saudita afirmou que quatro mil efetivos foram enviados ao local do incidente, juntamente com mais de 220 unidades de emergência e resgate. Os feridos estão sendo levados a quatro hospitais da região.
O rei Salman ordenou uma revisão completa dos planos do reinado para o Hajj. Em uma transmissão televisionada, ele pediu uma ampla e rápida investigação sobre o episódio, que classificou como um "incidente doloroso".
IRÃ ACUSA AUTORIDADES SAUDITAS
Entre os mortos há peregrinos de vários países, incluindo iranianos, paquistaneses e indianos. Acredita-se que europeus também morreram na tragédia. Os estrangeiros representam cerca de três quartos dos 2 milhões de peregrinos estimados para o Hajj deste ano. Em nota, o Itamaraty afirmou que A Embaixada do Brasil em Riad não tem registro até o momento de vítimas de nacionalidade brasileira.
O Irã disse que pelo menos 95 dos seus cidadãos morreram em Mina e acusou a Arábia Saudita, seu inimigo histórico, de erros de segurança em conexão com o desastre, segundo a agência AFP.
O ministro da Saúde saudita, Khaled al-Falih, por sua vez, culpou "peregrinos indisciplinados", dizendo que o desastre poderia ter sido evitado se eles tivessem "seguido as instruções".
A Casa Branca e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, estavam entre aqueles que enviaram suas condolências aos afetados. Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com