Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pela Folha defendem que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do mensalão e condenado pelo tribunal a mais de 40 anos de prisão, receba algum tipo de proteção do Estado. Para eles, se Valério afirma temer pela sua vida, isso não pode ser subestimado. O empresário se diz disposto a revelar ao Ministério Público detalhes inéditos sobre o esquema que ajudou a organizar durante o governo Lula. Novos depoimentos não terão interferência no julgamento do mensalão, que está na fase final. Mas podem resultar em novas investigações ou contribuir para outros inquéritos em curso.
Os ministros do STF não descartam a possibilidade de que Valério esteja apenas tentando tumultuar o julgamento. Um deles, que pediu reserva, afirmou que não há mais espaço para suas promessas. Já o ministro Marco Aurélio Mello afirma que está na hora de o operador do mensalão "desembuchar, não falar em doses homeopáticas". O ministro defendeu que o Estado "proporcione aparato de segurança" a quem "se mostrar disposto a colaborar". "Depois da porta arrombada, não adianta colocar cadeado", justificou. "Na área da delinquência, falo de forma geral, o jogo é pesado."