Levantamento da ACLED coloca o país na 7ª posição em 2025, ao lado de México, Equador e Haiti

O Brasil aparece entre os dez países mais perigosos do mundo em 2025, segundo o Índice Global de Conflitos divulgado nesta quinta-feira (11) pela organização não governamental ACLED (Armed Conflict Event Location and Data Project). O país ocupa a 7ª posição no ranking, em um grupo dominado por nações afetadas por guerras civis, conflitos armados e forte atuação de grupos criminosos.
O levantamento avalia quatro critérios principais: número de mortes, risco imposto à população civil, extensão territorial dos conflitos e quantidade de grupos armados em atividade.
A presença brasileira no ranking chama atenção por colocar o país ao lado de zonas de guerra declaradas, como Palestina, Mianmar e Síria, que lideram a lista.
A ACLED aponta que a escalada da violência na América Latina foi um dos principais vetores do índice em 2025. México, Equador, Brasil e Haiti concentram alguns dos piores indicadores do continente, impulsionados sobretudo pela atuação de facções criminosas, disputas por rotas estratégicas e fragilidade institucional em determinadas regiões.
Violência de facções
No caso brasileiro, a organização destaca a atuação de gangues e facções que disputam o controle de territórios urbanos e rotas do crime, especialmente ligadas ao tráfico de drogas e de armas.
A violência associada a esses grupos elevou o número de mortes e ampliou o risco para civis, fatores centrais para a posição do país no ranking.
A ACLED cita operações policiais de grande escala e confrontos armados como evidências do grau de conflito interno. Um dos episódios mencionados é a operação realizada em outubro no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que resultou em mais de 121 mortes, ilustrando o nível de letalidade associado à disputa entre facções e forças de segurança.
Embora o Brasil tenha caído uma posição em relação a 2024, o relatório aponta que o país segue em um patamar elevado de violência organizada, com conflitos concentrados em grandes centros urbanos, mas com reflexos nacionais.
México e Equador lideram
A situação brasileira se insere em um contexto regional mais amplo. O México ocupa o 4º lugar no ranking global, mantendo a mesma posição do ano anterior. Segundo a ACLED, a violência no país foi impulsionada pela guerra interna no Cartel de Sinaloa após a prisão de Ismael “El Mayo” Zambada, em julho de 2024, além do aumento expressivo de ataques contra políticos e agentes públicos. Apenas em 2025, foram registrados cerca de 360 episódios desse tipo.
Já o Equador aparece na 6ª posição, após subir 36 lugares em um único ano. O país enfrenta uma explosão de violência ligada à disputa entre facções como Los Lobos e Los Choneros, à fragmentação de grupos criminosos após a prisão ou morte de líderes e ao papel cada vez mais central do território equatoriano no tráfico regional e internacional de drogas. A ACLED estima que mais de 3.600 pessoas tenham morrido em episódios ligados a gangues neste ano.
Haiti completa o quadro
O Haiti, que ocupa a 8ª posição, enfrenta um cenário ainda mais crítico de instabilidade política. Desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, gangues passaram a controlar grandes áreas, especialmente em Porto Príncipe, e vêm expandindo sua atuação para outras regiões.
Em resposta, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a criação de uma força multinacional com mais de 5.000 integrantes para tentar conter o avanço desses grupos.
Ranking dos países mais perigosos do mundo em 2025 (ACLED)
1. Palestina
2. Mianmar
3. Síria
4. México
5. Nigéria
6. Equador
7. Brasil
8. Haiti
9. Sudão
10. Paquistão
O relatório da ACLED reforça que, embora o Brasil não viva uma guerra civil formal, o grau de violência armada e o impacto sobre a população civil colocam o país em um nível de risco comparável ao de regiões em conflito aberto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário