A diminuição do desemprego em 2017 está longe de ser desprezível, mas a taxa ainda é elevada
Editorial, Estadão
O desemprego, efeito mais devastador da recessão, atingiu o pico no trimestre de janeiro a março deste ano, com 13,7% de desocupados, ou 14,18 milhões de pessoas, e a partir daí diminuiu de forma continuada, independentemente de fatores sazonais. A reativação dos negócios, puxada pelo consumo e pela produção da agropecuária e da indústria, reduziu a desocupação a 12% da força de trabalho no trimestre móvel encerrado em novembro. Com as novas oportunidades, o contingente desempregado diminuiu para 12,57 milhões de pessoas. É preciso levar em conta essa evolução para avaliar com realismo as mudanças no mercado de emprego em 2017. A desocupação no trimestre de setembro a novembro foi ligeiramente superior à de um ano antes (1,9%), mas nem por isso o último balanço deixa de ser positivo. Para formular comparações significativas é preciso considerar as condições gerais da economia.
No fim de 2016 o desemprego continuava em alta, como legado da crise, e mais trabalhadores ainda iriam para a rua até o começo de 2017. A partir daí a trajetória se inverteu e assim se manteve, refletindo a recuperação progressivamente difusa da atividade econômica. Puxado pela agropecuária no primeiro trimestre, o crescimento espalhou-se pela indústria e envolveu um número crescente de segmentos de negócios.
O aumento do emprego, formal e informal, produz um efeito de realimentação na atividade econômica, por meio do aumento do consumo. No trimestre móvel encerrado em novembro, o rendimento real habitualmente recebido pelos trabalhadores, de R$ 2.142, foi apenas 1% maior que o registrado no período de junho a agosto. Mas a massa de rendimentos aumentou 2%, por causa do maior número de pessoas ocupadas, e chegou a R$ 191,92 bilhões. A comparação com o mesmo trimestre de 2016 aponta uma expansão de 4,5%.