por Géssica Brandino Gonçalves | Folhapress
Foto: Agência Brasil
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) amenizou o papel de Portugal e responsabilizou os próprios negros pelo tráfico negreiro que perdurou do século 16 ao 19, levando de forma forçada, segundo historiadores, cerca de 12 milhões de africanos às Américas, mais de 4,8 milhões deles para o Brasil.
"O português nem pisava na África. Foram os próprios negros que entregavam os escravos", disse Bolsonaro durante entrevista a jornalistas no programa Roda Vida, da TV Cultura, nesta segunda-feira (30).
A declaração foi dada num bloco em que o candidato foi questionado pelo diretor da ONG Educafro, Frei David, sobre a política de cotas raciais. Bolsonaro se declarou contra a ação, dizendo que a mesma era uma política para "dividir o Brasil entre brancos e negros".
Diante do posicionamento, o deputado foi questionado sobre de que forma pretendia reparar a dívida histórica existente diante da escravidão, no que Bolsonaro respondeu: "Que dívida? Eu nunca escravizei ninguém na minha vida".
Após declarar que os negros eram entregues pelos próprios negros, o candidato passou a recebeu a réplica do apresentador do programa, Ricardo Lessa, que afirmou que o tráfico era feito pelos portugueses. Bolsonaro, então, disse que os portugueses "faziam o tráfico, mas não caçavam os negros" e voltou a dizer que eles "eram entregues pelos próprios negros". Lessa finalizou dizendo que os portugueses "pagavam pra isso".
Apesar das ponderações feitas pelo apresentador, o candidato seguiu questionando que dívida seria aquela, dizendo que "somos misturados no Brasil".
"O negro não é melhor do que eu e nem eu sou melhor do que o negro. Na academia militar das agulhas negras, vários negros se formaram comigo, alguns abaixo de mim e outros acima de mim. Pra quê cotas?", declarou.
Bolsonaro disse, porém, que não poderia falar que acabaria com as cotas, uma vez que a medida dependeria do parlamento, mas disse que defenderá a redução da política, questionando a criação de cotas em concursos públicos.
"Vou propor pelo menos quem sabe a redução do percentual", disse.