Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
Chegou ao fim mais uma edição do Big Brother Brasil. Neste ano de 2022, com participantes preocupados em não serem cancelados no mundo real, muitas emoções ficaram evidentes à medida que o programa evoluía.
O reality trouxe à tona diversas personalidades comportamentais que demonstram a importância permanente do gerenciamento de nossas emoções, ofertando benefícios no melhor entendimento e compreensão do que estamos sentindo e da necessidade de não agir apenas por impulso.
Muitos participantes, denominados pipocas ou camarotes, dentro da dinâmica de vitrine do programa, evidenciaram suas forças e suas fragilidades no desenrolar da edição. É evidente que o jogo aflora sentimentos nocivos ao ser humano e, à partir daí, teremos os eliminados e ao fim o (a) vencedor (a).
Em vários momentos, alguns participantes utilizaram o recurso, mesmo que inconsciente, de vitimismo emocional para permanecer no jogo, atraindo olhares e votos favoráveis do público. Tendo como ônus, a rejeição dos demais integrantes da casa que é vigiada e monitorada por mais de 50 câmeras.
E o que seria esse o Vitimismo Manipulador? Trazendo para nossa realidade externa, o vitimismo é uma estratégia para atrair benefícios próprios se colocando na condição do "bem intencionado" ou do “coitado e perseguido”.
A pessoa faz com que o outro se sinta insensível e desalmado. Conta sempre com a compaixão e a compreensão de outras pessoas e está sempre trabalhando os movimentos da chantagem emocional.
Porém, que fique claro que, a necessidade de se colocar no papel de vítima é uma opção pessoal, motivada pela manipulação real do outro. O que parece ser bastante utilizado em dinâmicas como no reality show apresentado pela Rede Globo de televisão.
Manipular a mente do adversário para obter vantagens e se colocar como possível vencedor, uma vez que o vitimista manipulador faz do seu sofrimento (em muitos casos fantasiados) uma espécie de currículo cuidadosamente apresentado.
Usando dessa condição, em algumas ocasiões, para odiar e machucar outras pessoas, como uma "carta branca ", além de justificar suas maldades nos sofrimentos do próprio passado.
A desconfiança e o receio são fortes ingredientes que complementam o caldeirão de emoções e sentimentos apresentados por esse perfil vitimista. Sem querer generalizar a questão, nessa edição do Big Brother não podemos apontar apenas um integrante que fez uso dessa ferramenta.
Em muitas situações se percebia a estratégia manipuladora em ação, visto que, cada participante vai fazer uso do que lhe é mais plausível dentro do enfrentamento competitivo.
No âmbito psicológico e psicanalítico, destaco o grande perigo da falta de manejo adequada destes sentimentos. Lembrando que, todos nós temos e sentimos todo tipo de emoções. Tanto as positivas, quanto as negativas, como: raiva, ódio, inveja, ciúmes, tristeza, entre outras.
Ou seja, todas as emoções são inerentes ao ser humano. A questão é como lidar com os sentimentos negativos e se estamos alimentando mais positividade ou negatividade. Esse manejo serve para auxiliar nosso comportamento e orientar nossas relações interpessoais, seja no mundo corporativo, social, familiar ou íntimo.
Enfim, mais uma vez, o programa que prendeu milhares de pessoas à frente dos capítulos dessa edição, mostra que são muitos os ganhos para quem compreende o que está sentindo e não faz uso da impulsividade. O maior desafio do ser humano está no fato de que é, extremamente, necessário saber domar seus monstros inconscientes.
O autocontrole e a cautela nas conexões sociais em que o indivíduo busca pertencer, sem dúvida alguma, valorizam o perfeito gerenciamento emocional que o levará ao equilíbrio e a uma maior assertividade em sua comunicação.