Ex-ministro ficou menos de um mês no comando da Saúde.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou, nesta quarta-feira (5), em depoimento de seis horas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que deixou o cargo por não ter autonomia e por discordar sobre o incentivo ao uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a doença, apoiado pelo governo.
“As razões da minha saída do ministério são públicas, elas se devem basicamente à constatação de que eu não teria autonomia e liderança que imaginava indispensáveis ao exercício do cargo. Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências com o governo quanto à eficácia e extensão do uso do medicamento cloroquina para o tratamento da Covid-19”, contou o oncologistam que comandou a pasta por menos de um mês, entre 17 de abril e 15 de maio.
Teich indicou que, caso tivesse tido autonomia, teria agido para combater o coronavírus, mesmo contra a vontade do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). “Na minha função como ministro, tendo autonomia, obviamente eu iria trabalhar o distanciamento, todos os mecanismos de proteção. O presidente podia ter as atitudes dele, mas a minha postura seria buscar tudo o que fosse importante para a sociedade”.
Em relação à produção da cloroquina, remédio sem eficácia comprovada contra a covid-19, o ex-ministro disse que “não foi consultado”. Ele completou avaliando a conduta do governo em relação ao medicamento como “inadequada”. A gestão do seu sucessor, Eduardo Pazuello, também foi criticada por Teich. “Na posição de ministro, acho que seria mais adequado um conhecimento maior sobre gestão em saúde”, opinou.
Nesta quinta-feira (6), na CPI, serão ouvidos o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres.
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