> TABOCAS NOTICIAS : 'Capitã Cloroquina' foi desclassificada de seleção por falsa autoria de artigo

terça-feira, 18 de maio de 2021

'Capitã Cloroquina' foi desclassificada de seleção por falsa autoria de artigo

Foto: Reprodução
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Isabel Correia Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina" já foi desclassificada de um processo seletivo por ter colocado em seu currículo um artigo que não era de autoria dela. Mayra é uma das principais defensoras do chamado "tratamento precoce" contra o coronavírus.

De acordo com o Metrópoles, o processo aconteceu em 2008 e Mayra havia se candidatado para uma vaga de neonatologia do curso de medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor), mas foi desqualificada durante a primeira etapa da seleção, após suposta irregularidade ter sido descoberta. Mayra disputava a vaga com mais quatro candidatos e alegou "erro de digitação".

Ainda segundo o Metrópoles, a banca examinadora considerou o episódio como uma "inveracidade de natureza grave". A médica se apresentou como autora do artigo "A Reanimação do Prematuro Extremo em sala de Parto" em seu currículo (leia aqui), que segundo ela teria como coautores, Maria Fernanda Branco de Almeida e Ruth Guinsburg, publicado em 2005 no Jornal de Pediatria.

No entanto, a autoria da publicação é de Maria Fernanda Branco de Almeida e Ruth Guinsburg, indicadas por Mayra como coautoras. A candidata não teve nenhuma participação na produção do artigo e o nome dela não é citado pelas pesquisadoras ao longo do texto acadêmico.

O relatório que assinalou que o artigo não era de autoria da candidata, assinado pela professora Olívia Andrea Alencar Costa Bessa, coordenadora do curso de medicina da Unifor, à época, diz: "A banca constatou que, de fato, o artigo citado pela candidata não é de sua autoria".

Olívia Bessa procurou a candidata, por telefone, na ocasião e Mayra informou em carta enviada à coordenação do curso após a ligação, que teria havido “falha grave de digitação do currículo Lattes”.

A médica afirmou ter sido colaboradora em parceria com Maria Fernanda Branco de Almeida e Ruth Guinsburg em outro artigo, intitulado "Ensino da Reanimação Neonatal em Maternidades Públicas das Capitais Brasileiras". O artigo havia sido publicado na mesma edição do Jornal de Pediatria.

O nome de Mayra Isabel aparece nos agradecimentos do texto científico – por "ajudar a viabilizar a concretização de todo o projeto de pesquisa, no qual se insere este artigo", segundo os autores.

A banca afirmou que a explicação de Mayra não foi suficiente para evitar a desclassificação e destacou que considera a autoria “elemento de mais alta relevância, especialmente em um ambiente acadêmico”.

“O uso indevido da citação de autoria de um artigo científico, quando da documentação da produção acadêmica de um candidato no processo seletivo em curso neste meio de registro, por si só, não atende aos critérios propostos neste processo de seleção, e que são utilizados indiscriminadamente para todos os candidatos, desta área de conhecimento, e de quaisquer áreas do processo em curso”, ressaltou a banca.

AÇÃO INDENIZATÓRIA
Mayra Pinheiro entrou com uma ação no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), em 2009, contra a Universidade de Fortaleza, para ser indenizada por danos morais devido à desclassificação. Ela alegou que membros da banca examinadora afirmavam para outros profissionais médicos que a autora era fraudadora de processos seletivos.

A atual secretária se disse bastante prejudicada com a decisão “abusiva e desarrazoada” da universidade. Em 2013, o juiz Luiz Roberto Oliveira Duarte arquivou o processo ao considerar a petição "totalmente improcedente".

“Uma vez que se inscreveu para participar da seleção, utilizando-se de curriculum que continha imprecisão, atribuindo equivocadamente à promovente artigo que não era de sua autoria, a sua desclassificação do certame é, prima facie, exercício regular do direito da ré, sendo a decisão da Banca Examinadora condizente com as regras do processo seletivo, aliás, conforme a autonomia universitária”, disse.

Em conversa com o Metrópoles, Mayra Pinheiro disse que um funcionário dela havia digitado o currículo Lattes. “Eu pedi para uma pessoa digitar o meu currículo. Na mesma revista, eu tinha um artigo, e foi digitado o artigo errado", disse.

"Então, quem que vai ter interesse de, na mesma revista, ter um artigo e digitar o artigo de outra pessoa tendo o seu com o mesmo valor científico?”, completa a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário