*Por Carlos Eduardo Sedeh
Esta semana, sem nenhuma surpresa, a imprensa tem noticiado o lançamento comercial dos primeiros serviços 5G nos Estados Unidos – Verizon – e na Coreia do Sul, com as principais operadoras de telefonia móvel.
Para garantir que o Brasil não fique para trás quando o assunto é 5G, a Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) não perdeu tempo e acelerou a definição dos últimos detalhes para a implementação da rede. O edital deve ser publicado ainda este ano e o leilão de frequência para as operadoras pode acontecer até março de 2020.
Mas, será que a nossa infraestrutura está preparada para comportar o 5G?
Em termos gerais, a conexão nos bairros de classe alta é descente, funciona. Já nas áreas periféricas e/ou menos populadas é bastante ruim – situação parecida com os Estados Unidos. O desenvolvimento do mercado 5G por lá, será um balizador do que nos espera por aqui.
É consenso que a interligação de torres de celular com fibra óptica é fundamental para proporcionar velocidade e experiências compatíveis com a alta expectativa do mercado sobre a nova fronteira que será o 5G. Além disso, há a necessidade de instalar muitas novas torres - 4 a 5 vezes maiores do que a quantidade atualmente existente para atender o mesmo mercado endereçável.
Um dos nossos grandes desafios é: como pensaremos na expansão da infraestrutura de telecom no país se os impostos do setor estão entre os maiores do mundo? Reduzir os tributos seria um importante passo para que operadoras investissem mais em suas próprias redes ou na aquisição de acessos de terceiros – que igualmente teriam incentivo de investir em rede. Já a Anatel, poderia fomentar com mais ênfase as parcerias para regular o uso de infraestrutura à preços justos e isonômicos, colaborando para que exista uma infraestrutura de qualidade, alta disponibilidade e com a maior abrangência possível.
Sem infraestrutura, as operadoras chegarão com marketing e preços agressivos, mas a qualidade continuará sendo uma barreira. Atualmente, é comum a rede 3G não entregar por completo a taxa de transferência de dados de 384 kbps (quilobit por segundo). O 4G ainda é um serviço restrito, sendo sua cobertura ainda pequena e se baseando mais em uma questão de marketing do que de produto. A experiência não é completa, exceto por alguns poucos bairros onde se há uma presença maior de antenas capazes de suportar a necessidade de dados do 4G. Já a rede 5G, para atingir seu potencial (IoT), precisa ser mais parruda para suportar não apenas uma quantidade de dados exponencialmente maior, mas também um crescente número de dispositivos conectados simultaneamente.
Todo este contexto provoca uma discussão mais abrangente. A rede 5G certamente estará presente em regiões mais nobres, mas para o restante do país o serviço não será uma realidade tão próxima.
Infelizmente, existe uma falta de entendimento ou interesse neste sentido. A falha do mercado de telecomunicações tem sido não abordar o tema da infraestrutura com a devida seriedade e profundidade necessárias.
*Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom, empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações
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