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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Na Europa, a tragédia da exclusão agora tem um rosto

DEVEMOS SIM NOS CHOCAR COM A GRAVE CRISE HUMANITÁRIA QUE SE DESENROLA NA EUROPA, COM A INOPERÂNCIA DOS ESTADOS E ATÉ MESMO COM O ATUAL DESCASO POLÍTICO-JURÍDICO EUROPEU, MAS DEVEMOS, ACIMA DE TUDO, PERGUNTAR TAMBÉM ATÉ QUE PONTO ISSO JÁ NÃO FOI SEDIMENTADO PELA NOSSA PRÓPRIA HISTÓRIA. COM ISSO, NÃO SE BUSCA NEM DEIXAR DE RECONHECER QUE SOLUÇÕES POLÍTICAS, PRÁTICAS, SÃO SEMPRE DIFÍCEIS, NEM MUITO MENOS REFUTAR O POTENCIAL UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, MAS SIM REFORÇAR SUA ESSENCIALIDADE GLOBAL, COMO RESPOSTA AO INÚMEROS MECANISMOS DE EXCLUSÃO, PROCURANDO NOVAS ORIENTAÇÕES PARA PREVENIR VIOLAÇÕES FUTURAS.

Vanessa Capistrano
A imagem de Aylan Kurdi, o menino sírio-curdo de três anos, cuja morte por afogamento durante a viagem da Turquia para a Grécia se transformou em um símbolo da crise humanitária que se alastra pela Europa. Como declarou a ONG Save The Children, “deu um rosto à tragédia”.
Apesar dos recentes esforços do Conselho Europeu para o acolhimento urgente de pelo menos 100 mil refugiados pelos Estados-membros da União – por intermédio do estabelecimento de cotas de distribuição –, a Hungria, por exemplo, continua a erigir um muro de quatro metros de altura e cercas de arame farpado na fronteira com a Sérvia, com o objetivo de garantir sua “segurança fronteiriça” e sua “ordem social”. Países como Dinamarca, Irlanda, Inglaterra, República Tcheca e Eslováquia continuam a se opor às cotas de distribuição.
Uma análise apressada poderia nos levar, quase que imediatamente, a uma condenação moralista seja da postura húngara pelo estabelecimento das fortificações seja da oposição de alguns países europeus às cotas. Somos muitas vezes movidos pela preocupação com o destino dos seres humanos e pela busca por “culpados”. E nem sempre conseguimos avaliar bem o impacto que certos dramas humanos causam nas sociedades, especialmente quando se trata, como no caso, de sociedades que recebem de modo continuado massas de milhares de refugiados. Tudo nelas se desloca e sai do lugar. Os ânimos se acirram, consensos se desorganizam, a rede institucional de apoio e proteção fica fragilizada, as soluções tornam-se mais difíceis.

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