... Na prática, FHC não esconde dos amigos que considera um erro o PSDB insistir na proposta de criação de uma CPI para apurar a corrupção no governo Dilma. E erra duplamente. Primeiro, porque a presidente ganhou a bandeira da faxina ética. Ela é quem está fazendo a limpeza do governo. E o PSDB pode parecer contrário à moralização da atividade pública. Em segundo lugar, erra porque perde a oportunidade de mostrar a diferença existente entre Dilma e Lula e marcar o ex-presidente e seu desafeto político como alguém leniente com a corrupção. "Na hora em que você estende a mão para Dilma, estabelece a diferença", disse a um interlocutor.
Arte difícil esta, a da política, como diz FHC em seu livro: ao insistir na estratégia de criação da CPI, segundo falou com amigos, Fernando Henrique acha que o PSDB apenas aumenta o valor de mercado do chantagista, daquele deputado ou senador que assina requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito para, depois, negociar com o governo a retirada da assinatura. "É aumentar o poder de fogo dos pilantras. O PSDB não olha para a sociedade", diz, segundo relato ao Valor feito por este amigo do ex-presidente.
O fato é que FHC falou contra a CPI, depois da reunião da presidente Dilma Rousseff com os governadores da região Sudeste, há pouco mais de uma semana, num Palácio dos Bandeirantes recheado de tucanos. Aliás, Fernando Henrique não foi convidado formalmente pelo cerimonial do Palácio do Planalto. Mas já na véspera avisara o tucano José Serra que iria à reunião. FHC destila ironia quando é confrontado com a impressão de que Lula não vê com bons olhos a aproximação do tucano com a presidente.* Leia aqui na íntegra, artigo de Raymundo Costa, no Valor Econômico.
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