Idosa, de 89 anos, trabalhava como doméstica
O Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo está processando uma família da cidade de Santos, no litoral paulista, por manter uma mulher negra, hoje com 89 anos de idade, em situação análoga à escravidão nos últimos 50 anos. A ação pede o bloqueio de bens dos réus em R$ 1 milhão para o pagamento de danos morais coletivos e o reconhecimento de que submeteram a vítima a condições degradantes. Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - Brasília
De acordo com o MPT, a idosa foi admitida nos anos 70 como empregada doméstica para trabalhar em uma casa em Santos. Durante os 50 anos seguintes, ela não recebeu nenhum salário ou qualquer auxílio financeiro.
A idosa era impedida de guardar valores, inclusive dinheiro em espécie, e nunca conseguiu sair para solicitar novas vias de seus documentos. Segundo o MPT, quando a mulher solicitava que a deixassem procurar seus familiares, os patrões respondiam que, se ela fosse, perderia para sempre o abrigo e alimentação que recebia ali.
Além de ser impedida de sair sozinha de casa, a idosa sofria abusos verbais e físicos por parte da patroa e de suas filhas, como tapas e socos. Em uma dessas ocasiões, uma vizinha denunciou o caso à Delegacia de Proteção às Pessoas Idosas, para onde enviou gravação das agressões verbais em que se ouvia uma das filhas gritando “essa sua empregada vagabunda; essa cretina, demônia”.