‘Sou simplesmente contra reduzir a complexidade à distinção entre bons e maus’, avaliou o pontífice
Foto: Claude Truong Ngoc/ Wikimedia Commons
Ao analisar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o Papa Francisco criticou a “brutalidade” de Moscou, mas apontou que a guerra não deve ser definida de forma maniqueísta “entre bons e maus” e afirmou pode ter sido “de alguma forma provocada ou não impedida”.
Segundo informações do O Globo, as declarações foram dadas em maio, em entrevista a revistas jesuítas europeias, mas só foram divulgadas nesta terça-feira (14), pelo jornal italiano La Stampa e a revista La Civiltà Cattolica.
“Aquilo que estamos vendo é a brutalidade e a ferocidade com que esta guerra está sendo conduzida pelas tropas, geralmente mercenárias, utilizadas pelos russos”, disse o pontífice. “Mas o perigo é que só vemos isso, que é monstruoso, e não vemos todo o drama que se desenrola por trás dessa guerra, que talvez tenha sido de alguma forma provocada ou não impedida”, acrescentou, em referência ao avanço da Otan próximo às fronteiras da Rússia.
Ele destacou também que ao fazer tais ponderações não está tomando partido por um ou outro lado. “Ao chegar neste ponto, alguns poderiam dizer: ‘Mas você é pró-Putin’. Não, não sou. Seria simplista e errado dizer tal coisa. Sou simplesmente contra reduzir a complexidade [da guerra] à distinção entre bons e maus, sem raciocinar sobre as origens e os interesses, que são muito complexos. Enquanto vemos a ferocidade e a crueldade das forças russas, não devemos esquecer os problemas, para que possamos resolvê-los”, argumentou.
Na entrevista, o Papa Francisco mencionou ainda a resistência dos ucranianos diante das forças militares russas. “Também é verdade que os russos pensaram que tudo acabaria em uma semana. Mas eles cometeram um erro de cálculo. Encontraram um povo corajoso, um povo que luta para sobreviver e que tem um histórico de luta”, avaliou.
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