Crédito da imagem: Estadão
Ossami Sakamori - @Saka_Sakamori
O que vou dizer aqui, não vai agradar nem um pouco aos apoiadores do presidente Bolsonaro, sobretudo os militantes que se dizem ser da extrema direita. Mas, a matéria servirá para reflexão do próprio presidente da República, que comemorou 100 dias do governo no último dia 10. Esta matéria serve para orientar os empresários pequenos, médios e grandes. Uma coisa é "querer que o Brasil dê certo" e outra coisa é "fazer com que o País caminhe para o crescimento sustentável". Há 4 anos que o País está como caranguejo, andando de lado ou senão andando para trás. Não vamos repetir os mesmos erros do passado!
Feito o preâmbulo, vamos aos fatos. Apesar de boas intenções do presidente Bolsonaro e do ministro da Economia Paulo Guedes, o pregado ideário da economia liberal está longe de se tornar realidade. A principal bandeira do presidente para o início do governo, a reforma da previdência, na melhor das hipóteses, será aprovada somente no mês de agosto, segundo previsão dos parlamentares realistas do Congresso Nacional. Vamos lembrar que a reforma da previdência necessita de maioria absoluta na Câmara dos Deputados, 308 votos, e 54 votos do Senado Federal.
Na minha modesta opinião, o presidente da República vem perdendo muito tempo em defesa da ideologia da direita. Isto foi feito na campanha eleitoral contra o PT e ideologia da esquerda. Enfim, as eleições terminaram no dia 20 de outubro do ano passado e o governo terá que ser mais "pró-ativo". Faça-se a limpa na estrutura do governo, os que ainda defendem as ideias que predominavam até 31 de dezembro.
Mas esta discussão sobre ideologia não pode perdurar para sempre. O Brasil está estagnado há 4 anos. O Brasil precisa de ações pragmáticas para sair da depressão, a pior dos últimos 100 anos.
Mas esta discussão sobre ideologia não pode perdurar para sempre. O Brasil está estagnado há 4 anos. O Brasil precisa de ações pragmáticas para sair da depressão, a pior dos últimos 100 anos.
A realidade brasileira está a merecer uma atitude "proativa" do presidente da República. O índice de desemprego está a ameaçar o socesso social. São 13 milhões de trabalhadores desempregados e cerca de 4,7 milhões de trabalhadores desalentados (desempregados que não vão à procura de empregos). Somado a este contingente, tem os, grosso modo, 15 milhões de trabalhadores do sub-emprego. Somado tudo, dá mais de 32 milhões de trabalhadores desempregados e em condições precárias de rendimentos.
O número acima, 32 milhões, comparado com os trabalhadores com carteira assinada, 33 milhões, mostra que a situação social do País é alarmante. A grande imprensa e o governo, por conveniência, citam apenas os 13 milhões como o número de trabalhadores desempregados, o que na prática não representa a verdadeira condição social. Como já dizia o embaixador Rubens Recupero: "O que é bom a gente mostra, o que é ruim, a gente esconde". A estatística é uma, a realidade é outra.
Ao lado do número de desempregados, o que preocupa é o índice de inadimplentes no comércio, que está ao redor de 62 milhões de pessoas, segundo SPC ou Serasa. Isto mostra que a retomada do crescimento econômico é dificultado pela falta de consumo, que ao longos dos últimos anos esteve baseado em créditos bancários e créditos em cartões. O número, 62 milhões, é expressivo se considerar que o número da força de trabalho é de apenas 108 milhões. O número corresponde, também, a 40% da população adulta que quer dizer que 4 em cada 10 adultos estão com o "nome sujo" no comércio e no sistema financeiro.
Se por um lado, o ministro da Economia Paulo Guedes reclama do enorme déficit primário, que é atribuído à previdência social, por outro lado o Tesouro Nacional paga os juros reais próximo de 2,5%, baseado na taxa Selic de 6,5% e inflação de 4%. Nesta conta, o déficit nominal, nunca é citado pelo governo e pelos analistas econômicos, vai a estonteante R$ 175 bilhões por ano. O valor é muito maior que os gastos em educação, saúde e segurança pública, individualmente. Sim, esse dinheirama toda vai para bolso dos investidores especulativos que financiam a dívida pública brasileira. Não será a "autonomia do Banco Central" que resolverá a situação do País. Os juros, embora balizados pelo Banco Central, é de responsabilidade integral do Tesouro Nacional. Falando em juros altos, a dívida pública federal bruta beira R$ 5,5 trilhões e a dívida pública líquida está ao redor de R$ 3,9 trilhões. Brasil, com certeza está a caminhar celeremente para o mesmo da Grécia e da Turquia.
Na situação descrita acima, só resta um caminho para o Brasil: crescer acima da média mundial de 3,5% ao ano, para em algum tempo, recuperar o tempo perdido nestes últimos 4 anos de estagnação. O preocupante é que o Brasil caminha, mesmo com o novo governo, o do presidente Bolsonaro, a um crescimento pífio para 2019. O Boletim Focus do Banco Central rebaixou a expectativa de crescimento do País para menos de 2% em 2019. Não será a "autonomia do Banco Central" que trará solução para a dívida pública federal. A dívida pública não é do Banco Central, salvo alguns trocados, é do Tesouro Nacional.
Desta forma a configuração da economia liberal do ministro Paulo Guedes está longe de ser implementada. A reforma da previdência, a reforma tributária e um novo pacto federativo é a receita do novo ministro da Economia. O ano de 2019, na melhor das hipóteses, está destinada apenas nas reformas prometidas pelo ministro Paulo Gudes. Esperamos que o episódio de um "novo tabelamento" de preço do diesel seja apenas um "arroubo" do presidente Bolsonaro. O último episódio coloca em "cheque" a teoria liberal da Escola de Chicago que o Paulo Guedes quer para o País.
O buraco do Brasil está mais para baixo!
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