Uma notícia curiosa intrigou e assustou as pessoas recentemente: o médico Ian Crozier, que contraiu o vírus Ebola, passou por tratamento e foi considerado curado após uma série de exames, mas descobriu que a doença ainda estava alojada em seu corpo quando percebeu uma estranha mudança na cor de seu olho.
O que foi descoberto com isso é que pessoas que contraíram Ebola ainda podem tê-lo alojado em certas partes do corpo mesmo achando que já estavam livres do problema. No entanto, o fato de um vírus ficar “escondido” em algum local obscuro de nosso organismo não é nenhuma novidade.
Alguns vírus são como ninjas
Um exemplo clássico é o do vírus varicela-zóster, causador tanto da catapora quanto do herpes zóster. Ele permanece em nosso corpo pela vida inteira, escondido dentro das células nervosas, e eventualmente pode se manifestar. É por isso que se pega catapora apenas uma vez na vida: em outros contatos com o micro-organismo, a pessoa não é infectada simplesmente porque ela já possui o vírus. Na idade adulta pode acontecer do varicela-zóster se manifestar novamente, mas aí apenas na forma do herpes zóster.
Esses agentes infecciosos conseguem se ocultar em certas estruturas do nosso organismo basicamente por dois motivos: ou porque nosso sistema imunológico não age no lugar onde estão ou eles permanecem em estado de dormência, o que engana nossas defesas, que acham que não há nada danoso ali.
Foi exatamente o que aconteceu com o médico cujo olho foi de azul para verde por causa do Ebola: o vírus, apesar de erradicado de todo o resto de seu corpo, ficou preso dentro de seu globo ocular, onde nosso sistema imunológico não interfere. O olho possui um sistema próprio de defesa, que não detectou a presença da doença. Outras partes do nosso corpo também têm seus próprios métodos para se protegerem de ameaças diversas, como o cérebro e os testículos.
Tentando virar o jogo
E o que deve ser feito para erradicar completamente os vírus desse tipo? Na verdade, ainda não se sabe com certeza. No caso das doenças que ficam em lugares com uma ação menor sistema imunológico, ministram-se antibióticos mais fortes e que consigam penetrar a região isolada. Especificamente na situação de Ian Crozier, não ficou muito claro se sua cura deveu-se à droga experimental que foi usada ou se seu próprio corpo eliminou o invasor de alguma maneira, visto que em alguns casos raros nosso sistema imunológico pode, sim, agir dentro do olho. É, a medicina é bastante complicada e às vezes confusa.
Já quando se trata de vírus que dormem dentro das células, os médicos tentam enganá-los, fazendo com que eles sejam ativados e nosso corpo consiga detectá-los e combatê-los por conta própria ou com o auxílio de antivirais. Seja como for, é mais um desafio que a medicina tem pela frente: dar um passo além nessa eterna batalha entre humanos e vírus.
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