Pelo menos 20 produtoras que atuam no mercado de comunicação no país estão sob investigação da força tarefa da Lava Jato. Os investigadores pretendem que os donos ou executivos das empresas colaborem na identificação de novos núcleos de corrupção envolvendo agências de publicidade, órgãos públicos federais e agentes políticos. Com as informações da BandNews FM.
A investigação começou em abril após as prisões do publicitário Ricardo Hoffmann e do ex-deputado André Vargas (ex-PT). Os dois são acusados de envolvimento em fraudes relacionadas a contratos de publicidade do Ministério da Saúde e Caixa Econômica Federal com a agência de publicidade Borghi/Lowe.
Executivo da Borghi/Lowe, Hoffmann subcontratou produtoras e determinou os repasses dos valores de comissões – os chamados bônus de volume de produção – a empresas ligadas a Vargas e seus irmãos: a Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação e a LSI Soluções em Serviços Empresariais. Esses bônus são taxas de 10% comuns nas práticas de mercado, que costumam ser devolvidas à agência contratante. Mas nesse caso, eram desviadas para outras empresas. Na fase inicial, seis produtoras subcontratadas pela Borghi Lowe foram investigadas. Mas o número já aumentou.
Segundo o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da Força Tarefa do Ministério Público Federal, as produtoras podem ajudar a confirmar que os bônus de produção eram usados como método de lavagem de dinheiro para pagamento de propina. “Nós queremos confirmar esta tipologia e acreditamos que o melhor caminho seria com o apoio das produtoras usadas pelas agências de publicidade com estes desvios de recursos. Nós estamos trabalhando neste elo que é mais fraco da corrente, que são as produtoras, incentivando elas virem espontaneamente conversa conosco sobre fatos semelhantes ocorridos”, disse.
Para o procurador, é provável que o modelo de lavagem de dinheiro e pagamento de propina envolva outros núcleos de corrupção. “Não é de se supor que este esquema que foi localizado seja único. Nós queremos comprovar que esse esquema vai além da Caixa Econômica, da agência Borghi Lowe e do próprio politico André Vargas. Os elos aqui, são as produtoras. Elas que são usadas para o pagamento então a análise destes pagamentos vai ser essencial para nós verificarmos se esses esquemas criminosos se repetem em outras esferas”, completou.
O publicitário Ricardo Hoffmann negocia um acordo de colaboração com a força tarefa da Lava Jato. O grupo ao qual a agência Borghi Lowe está vinculada nos EUA se colocou à disposição dos investigadores. Mas ainda não prestou informações à força-tarefa.
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