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quarta-feira, 27 de maio de 2015

INFLAÇÃO DA SAÚDE

Por Paulo Brito - Os gastos com a Saúde são de dois níveis: públicos e privados. Vendo a seara federal, no dia 23 deste o governo anunciou os cortes dos gastos de R$69,9 bilhões, sendo o contingenciamento do Ministério da Saúde o segundo maior, de R$11,8 bilhões, por volta de 17%, sendo o primeiro no Ministério das Cidades, de R$17,2 bilhões, cerca de 25%, assim como o terceiro, no Ministério da Educação, de R$9,4 bilhões, em torno de 13,4%. Estes três ultrapassaram 55% do total do ajuste fiscal. Através de Emenda Constitucional, promulgada em março passado, que prevê que os gastos públicos com a Saúde poderão chegar a 15% da receita da União até 2020, eles, no entanto são de 4% do PIB, em torno de R$240 bilhões. Assim, o contingenciamento na referida área foi de aproximadamente 5%. Em termos internacionais, a França gasta 8,9%; o Canadá, 7,9%; o Reino Unido, 7,7%; os Estados Unidos, 8,2%. O Sistema Único de Saúde (SUS) é mal administrado, havendo desperdícios de 20%, péssimo atendimento, consultadas marcadas em prazos muito longos, falta de medicamentos e aonde existe o maior número de denúncias de corrupção. Hoje há 95 escândalos, sendo apurados pela Controladoria Geral da União e Polícia Federal, na área da Saúde. Em segundo lugar, vem a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) com 48 casos. Em resumo, o problema da Saúde pública brasileira sempre foi de má gestão.

Vendo na seara privada, por cada R$10,00 gastos em Saúde no Brasil, R$6,00 estão na área do setor privado. Dessa forma, em 2015, o Brasil deve ultrapassar a marca dos 10% do PIB gastos com a Saúde. Proporcionalmente, no conjunto, é mais do que despendem Reino Unido, Austrália, Coréia do Sul e bem menor do que nos Estados Unidos, onde o desperdício na área é de cerca de US$500 bilhões.

Os itens de custos de Saúde são assim distribuídos, conforme os procedimentos: internações, 50%; exames, 22%; consultas, 18%; outros, 10%. Dentro de internações, o pior vilão é o custo dos materiais, 33%; seguem-lhe medicamentos, 20%; diárias, 17%; taxas, 13%; honorários, 12%; outros, 5%. Em decorrência disso, o Brasil é um dos campeões em inflação médica. Dessa forma, traçando uma curva dos últimos dez anos, a inflação médica sempre ficou bem acima da inflação oficial, medida pelo IPCA. Em 2005, inflação médica de 13,9% e IPCA de 5,7%; em 2011, inflação médica de 10,7% e IPCA de 6,5%; em 2014, inflação médica de 16,1% e IPCA de 6,4%. O brasileiro em si já verificou que todo fim de ano as empresas recebem de suas operadoras propostas de reajustes de preços na casa dos dois dígitos, bem como estes são repassados aos beneficiários dos planos de saúde. Já há previsão de que em 2015 será de 18% a elevação dos planos de Saúde. Como a inflação alta é própria dos países desorganizados, sem preços alinhados, onde a transparência é ausente, logo, conclui-se, que há má gestão.

Como nesta coluna o propósito é de abordar em uma lauda um problema da economia brasileira, com diagnóstico e, às vezes, com sugestões de solução, para hoje o autor se serviu de dados do Ministério da Saúde e da ampla reportagem da revista Exame, desta quinzena, assunto de capa: “Quanto custa a sua saúde? O gasto com a saúde no Brasil já passa de meio trilhão de reais por ano. Quase 60% da conta são pagos pelo setor privado. O custo dos hospitais, remédios e médicos deverá crescer 18% neste ano. O que fazer para interromper a escalada de gastos?”

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