Um relógio e uma troca de roupa. São estas as únicas lembranças físicas que Juan Pablo Escobar, filho do poderoso chefe do cartel de Medellín, tem de seu pai, morto em 2 de dezembro de 1993.
No entanto, Juan guarda muitas memórias sobre a história deste que foi, além de um dos maiores traficantes do mundo, o homem que lhe deu a vida. Em uma entrevista ao jornal El País, ele conta sobre Pablo Escobar, Meu Pai, o livro que escreveu a respeito do Patrão, como Escobar era chamado, e que vem recheado de polêmicas.
Entre elas, Juan sugere que o pai não teria sido morto em uma emboscada, como se conhece a história até hoje, e sim se suicidado antes de ser pego.
— Meu tio Roberto foi quem o entregou. Meu pai me disse muitas vezes: prefiro me matar a ser pego. E seu corpo terminou com sangue escorrendo pela têmpora. Ou seja: se suicidou.
O arquiteto e desenhista industrial de 38 anos faz ainda uma série de revelações bombásticas na publicação, entre elas a de que o cantor Frank Sinatra teria sido um dos contatos de Pablo Escobar para a distribuição de cocaína nos EUA.
— Não são teorias. São certezas absolutas. Nem a editora nem eu iríamos nos permitir falar leviandades sobre isso. No meu livro está o que eu vivi e o que investiguei e comparei.
Juan conta, ainda, na entrevista ao El País, que era um menino de apenas sete anos quando começou a ter consciência do que seu pai fazia para que sua família tivesse de tudo. Ele lembra que as festinhas de aniversário em sua casa sempre tinham não só potes com doces, mas também com maços de dinheiro.
No sítio em que ele morava com a família, a Fazenda Nápoles, os Escobar mantinham um zoológico particular com os animais mais exóticos do planeta. Também não faltavam veículos dos mais modernos, e em números exorbitantes.
— Tudo isso era para mim tão normal como a água para os peixes. Meu pai enfatizava isso e, assim como me dizia para não experimentar drogas, também me levava a bairros da periferia para que eu visse a pobreza extrema da Colômbia. Na verdade, ele ocupou o lugar que o Estado deveria ocupar para ajudar essas pessoas. Isso não é desculpa. Apenas mostra seu lado bondoso frente ao maldoso.
Segundo o filho do traficante, sua relação com a família paterna acabou há mais de 20 anos, e que seu pai “sabia em vida que eram uns traidores”.
— Meu tio Roberto era informante da DEA. E sobre Uribe... Olha: eu não sou defensor dele, que fique claro. Investiguei a fundo e localizei pessoas que traficaram com meu pai do aeroporto de Medellín. Quando Uribe chegou começaram os controles, e isso complicou o negócio todo. Mas, no fim, para o meu pai foi mais fácil corromper os policiais que fiscalizavam e... adeus problema!
Após a morte do Patrão, Juan saiu da Colômbia acompanhado da mãe e da irmã. Renunciou a se tornar o sucessor do pai, pagou as dívidas que ele tinha com grupos criminosos inimigos, e adotou outra identidade, que usa até hoje: Juan Sebastián Marroquín Santos.
Depois de pedir perdão publicamente às vítimas de seu pai, ele hoje tem uma marca de roupas que vende pela internet, e que, segundo explica ao El País, traz peças em sua grande maioria com mensagens de paz.
— Não quero que me acusem de lucrar com a dor das pessoas. É para que os jovens não repitam sua história. Foto: AP Photo*Fonte: R7
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