Quando ainda jovem estudante, Santa Teresa de los Andes (1900-1920) escreveu uma magnífica composição que lhe valeu o primeiro prêmio outorgado pela Academia.
Eis alguns trechos dessa composição, intitulada “Demolidores e Criadores”:
“Há um poder sempre reinante, uma dinastia que não conhece ocaso, uma luz que jamais se extingue, e este poder tem sido sempre combatido, esta dinastia sem cessar perseguida, esta luz circundada continuamente de trevas. Esta luta não terminará porque eterno é o antagonismo entre a sombra e a luz. Enquanto os filhos da sombra demolem, os filhos da luz regeneram. Daí o título que adotamos: ‘Demolidores e Criadores’.
“No século XVI, os países da Europa se incendiaram no fogo de guerra fratricida. Lutero e seus sequazes dão o grito de guerra, o alvo de seus ataques é a autoridade da Igreja. Eis que um novo astro surge no horizonte; é Inácio de Loyola, que cai como soldado de um rei terreno e se levanta como guerreiro do Rei do Céu. Seus soldados se estenderam por toda parte e, portadores da luz da verdade, vão deixando atrás de si um sinal luminoso; espargem luz na Europa, na controvérsia, na pregação; espargem luz nas Índias com Francisco Xavier que regenera nas águas do batismo milhões de almas.
“No século seguinte, o mesmo espetáculo de sombra e de luz, de demolidores e criadores. Vemos destacar-se entre as sombras uma figura de aspecto rígido e severo: Jansênio, que lança a frieza e a sombra por onde passa. A chama de amor vacila e acaba por extinguir-se com seu grito ímpio: ‘Fugi do Deus do Sacramento. Fugi, Fugi!’, e as almas aterradas fogem... se enregelam e se perdem!… Em Paray-Le-Monial se levanta um sol esplendoroso e vivificante. Jesus Cristo mostra a uma humilde visitandina seu Coração aberto, abrasado em chamas de amor, queixa-se do esquecimento dos homens e os chama a todos com insistência. A voz de Paray-Le-Monial chama em sentido contrário: ‘Venham, venham!’
“A tempestade é mais terrível do que nunca no século XVIII. Os corifeus da maldade, Voltaire e Rousseau, aparecem, o primeiro com o sorriso jocoso nos lábios e a blasfêmia na pluma, o segundo com o sofisma e a confusão nas ideias, e ambos com a corrupção no coração. São João Batista La Salle funda as escolas cristãs, encerrando no coração dos pequeninos desvalidos a faísca da fé.
“Hoje as sombras cobrem de novo o orbe cristão; mas ali está a palavra de Cristo, Verdade eterna: ‘Aquele que me segue e cumpre minha palavra não anda nas trevas’.”
(cfr. Un lirio del Carmelo: Sor Teresa de Jesús- Juanita Fernández S., 1900 - 1920″, pp. 555 a 559; Imprenta de San José, Santiago, 1929).
(*) Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM
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