Barbosa diz que Marco Aurélio é obstáculo à presidência do STF
Débora Zampier Repórter da Agência Brasil Brasília - O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo
Tribunal Federal, reagiu hoje (28) a críticas feitas pelo também ministro do STF Marco Aurélio
Mello. Nos últimos dias, Marco Aurélio acusou Barbosa de destempero e pôs em dúvida seu
desempenho como futuro presidente do STF.
As críticas começaram quando ambos protagonizaram áspera
discussão durante o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como processo do mensalão.
''Um dos principais obstáculos a ser enfrentado por qualquer pessoa que ocupe a presidência
do Supremo Tribunal Federal tem por nome Marco Aurélio Mello. Para comprová-lo, basta que
se consultem alguns dos ocupantes do cargo nos últimos dez ou 12 anos'', disse Joaquim
Barbosa, em nota à imprensa. Com a aposentadoria do presidente, ministro Ayres Britto, em
novembro, quando atinge a idade limite de 70 anos, Barbosa, atual vice-presidente, é o
candidato natural a assumir o comando do Supremo.
Embora seja tradição na casa, a condução do vice à presidência precisa ser confirmada por
votação entre os ministros da Corte. Barbosa diz que, se assumir a presidência do STF, não
tomará "decisões rocambolescas e chocantes para a coletividade" e também não adotará
posições "de claro e deliberado confronto para com os poderes constituídos, de intervenções
manifestamente gauche, de puro exibicionismo", que, segundo ele, parecem ser o forte do
ministro Marco Aurélio no momento.
O ministro ainda afirma que, diferentemente de quem o critica, conquistou o posto de ministro do
STF por esforço acadêmico e profissional. ''Jamais me vali ou tirei proveito de relações de natureza
familiar".
Marco Aurélio foi indicado ao STF na década de 1990 por seu primo, o então presidente Fernando
Collor de Mello. A discussão entre os ministros começou na última quarta-feira (26), quando
Barbosa insinuou que o revisor Ricardo Lewandowski estava fazendo "vista grossa" a evidências
do processo. Marco Aurélio sugeriu a Barbosa que policiasse suas palavras, e este reagiu, dizendo
não tolerar hipocrisia. Os ânimos só foram acalmados após intervenção do presidente Ayres Britto e
do decano Celso de Mello, que ressaltaram a importância de opiniões diferentes no órgão colegiado.
Edição: Nádia Franco
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