Em sua primeira manifestação explícita sobre o julgamento do mensalão, o ex-presidente Lula acusou ontem a oposição de fazer "jogo rasteiro" e se defendeu citando o caso da compra de votos para a aprovação da emenda que permitiu a reeleição do tucano Fernando Henrique Cardoso.
"A gente não pode deixar esquecer que no tempo deles o procurador-geral da República [Geraldo Brindeiro] era chamado de 'engavetador'. Não podem esquecer a compra de votos em 1996 [sic] para aprovar a reeleição neste país", disse Lula em ato de apoio a Fernando Haddad (PT) em São Paulo.
Lula acusou o PSDB de baixaria por explorar politicamente o mensalão.
A estudantes e militantes, Lula disse que eles não deveriam se envergonhar, mas ter orgulho de seu governo.
"Não têm que ficar com vergonha. No nosso governo, as pessoas são julgadas e apuradas. No deles, se escondiam", disse Lula.
O ex-presidente recomendou comparação das instituições de combate à corrupção de hoje com as da gestão tucana. "Na nossa casa, quando algum filho é suspeito de cometer algum erro, nós investigamos, não culpamos o vizinho, como eles costumam fazer", afirmou.
Lula referiu-se a José Serra (PSDB), adversário de Haddad, como "aquele senhor que ofendeu a Dilma" nas eleições de 2010.
"Agora, está baixando o nível, tentando vincular o Fernando Haddad ao julgamento", disse o petista, sem em nenhum momento usar a palavra mensalão.
Antes do discurso, o evento foi interrompido por um protesto. Aos gritos de "renovação do mensalão", um jovem, sentado nas primeiras fileiras do auditório, levantou um cartaz que associava Lula e o PT ao caso. Do palco, Lula e Haddad observaram.
Do lado de fora da Uninove, palco do encontro, militantes do PSOL fizeram outro protesto. Mas não souberam esclarecer se o jovem do cartaz integrava o grupo.
Um estudante da USP, que não quis se identificar, disse que um segurança do PT o ameaçou. A campanha negou. Lula disse que "não ligou" para o protesto. Haddad disse que não viu.
Ao discursar diante de Lula, que não tem diploma universitário, Haddad sugeriu que o senador tucano Aécio Neves (MG) estude caso queira concorrer à Presidência.
Após lamentar que adversários torçam pelo fracasso do governo Dilma, ironizou. "Se Aécio quer ser presidente, estude um pouquinho, leia um livro por semana. Pode ser na praia de Ipanema".
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