O governo do Estado e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP) divulgaram, ontem, uma pesquisa mostrando que 68,9% das pessoas portadoras de necessidades especiais sentem pouca ou nenhuma compatibilidade entre a função que exercem no local de trabalho e sua escolaridade.
O estudo, com 628 trabalhadores especiais e 566 sem restrições, faz parte do projeto Monitoramento da Inserção da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho (Modem), da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Entre as constatações, na comparação com indivíduos sem deficiência, estão o baixo número de satisfeitos com o emprego atual (57,4% ante 67,6% do grupo sem deficiência), nunca terem recebido uma promoção (72% ante 63%) e o fato do gestor da área nunca ter conversado sobre desempenho (20,7% ante 4,7%).
A falta de valorização desses profissionais seria um dos motivos que impedem as empresas de preencherem vagas determinadas pela Lei de Cotas, que define o número de funcionários com deficiência de acordo com o número de empregados em seu quadro.
“É um retrato da realidade brasileira. As corporações ainda não acreditam na capacidade dessas pessoas por preconceito”, diz Tereza Amaral, superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência. “O mais importante é preencher vaga para não levar multa.”
Ela diz que muitas empresas ligam para a entidade pedindo indicação de profissionais com deficiência, mas com ressalvas. “Dizem que querem alguém com problema leve, que não apareça muito. Já chegaram a me dizer que não podia ser uma pessoa que babava”, revela a superintendente.
Para a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, os dados confirmam que as organizações não se preocupam em conhecer as capacidades de seus contratados – e buscam talentos em outros lugares quando eles talvez estejam entre esses colaboradores.
“É um alerta. Mas pelo menos, hoje, estamos discutindo a insatisfação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Há 20 anos, não se debatia nem a presença delas dentro das empresas. Ainda há muito o que melhorar, mas não podemos esquecer, porém, tudo o que já avançamos”, diz. De http://www.jt.com.br/seu-bolso/
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