Um inibir de enzima conseguiu frear o câncer de pâncreas, um dos mais letais
- Foto: IStock / Getty Images
Um viva à ciência e aos pesquisadores brasileiros. Cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Universidade de São Paulo, conseguiram impedir a evolução do câncer de pâncreas pela primeira vez.
Eles identificaram uma proteína presente na maioria das pessoas que morreram com a doença. E com um inibidor dessa proteína veio a notícia boa: “Com isso, houve um índice maior de morte das células tumorais, o que evitou o crescimento e a migração em ensaios in vitro, tornando-as menos malignas”, afirmou o coordenador da pesquisa, o professor João Agostinho Machado-Neto, do Laboratório de Biologia do Câncer e Antineoplásicos do Departamento de Farmacologia do ICB-USP
A descoberta, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), abre caminho para o desenvolvimento de uma nova terapia contra esse tipo de câncer. O resultado, obtido com o uso do composto NSC305787, foi publicado na revista Investigational New Drugs do grupo Springer Nature.
Como conseguiram
Os pesquisadores analisaram a base de dados The Cancer Genome Atlas (TCGA), que reúne informações do material genético de mais de 20 mil pacientes com 33 tipos de câncer.
Foi aí que eles identificaram que a maioria dos pacientes com câncer de pâncreas tinha alta quantidade da proteína ezrina morria de dois a cinco anos após o surgimento dos tumores.
“Obtivemos essa constatação após um longo trabalho de mineração de dados. Essa informação nos chamou a atenção para realizarmos testes com o composto, que é um inibidor da ezrina, já que se trata de um dos cânceres mais letais e que têm poucas opções terapêuticas”, contou.
O inibidor matou células doentes
O composto foi aplicado em três modelos celulares de câncer de pâncreas e se mostrou capaz de impedir a ativação da proteína.
A aplicação foi feita em modelos que simulam os tumores da doença. Trata-se de linhagens celulares, aprovadas para uso comercial, que foram obtidas a partir de amostras doadas por pacientes e submetidas ao processo de imortalização.
Apesar das diferenças nos modelos experimentais, as células cancerosas testadas apresentaram resultados similares.
“Com o êxito nesses primeiros testes, estamos planejando avaliar os efeitos do composto e a expressão do seu alvo ainda in vitro, mas agora em células obtidas diretamente de pacientes com o tumor. Assim, teremos um resultado mais assertivo frente à diversidade de resultados que obtivemos”, afirma Machado-Neto. Mais no sonoticiaboa
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