Uma juíza de Santa Catarina aceitou um convite um tanto inusitado: assistir a uma live sobre leitura no cárcere junto com detentos. O pedido partiu de um apenado da Penitenciária Industrial de São Cristóvão do Sul/SC. Enquanto assistia a uma palestra da II Jornada de Leitura no Cárcere, ele escreveu um convite para a juíza Ana Cristina Oliveira Agustini, titular da Unidade Regional de Execução Penal, para que acompanhasse com eles presencialmente o evento. Foto: TJ-SC
De acordo com o Migalhas, ele ficou surpreso ao descobrir que a magistrada aceitou o convite para assistir ao evento nesta quinta-feira (23), com mais cinco detentos. No bilhete, o detento escreveu: "A literatura liberta a intelectualidade e a capacidade de recomeçar. No entanto, precisa-se do apoio de autoridades competentes, por isso o presente convite”.
O apenado entrou no cárcere com o ensino fundamental e hoje está na faculdade. Ele tem o sonho de publicar um livro de crônicas, se formar e ajudar pessoas. "Estarei lá para assistir e ver no que mais posso ajudar", respondeu a juíza. A magistrada doou os primeiros 50 livros para o projeto que será desenvolvido ainda neste semestre com a formação de monitores de leitura, através do programa Leitura nas Entrelinhas do Cárcere, que tem com mantenedora a Biblioteca Prisional Farol do Saber.
O apenado autor do convite e os outros quatro participantes do projeto poderão ter as penas reduzidas. Eles entraram no projeto de forma voluntária pela paixão a leitura. Até o ano passado, eles não tinha o direito a remissão da pena, pois o projeto tem capacidade para atender 200 apenados e a penitenciária tem quase mil. A recente aprovação da resolução 391/21 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a situação mudou.
A da Jornada de Leitura no Cárcere começou na terça-feira (21), destacando a importância dos avanços recentes na área para a estruturação de uma política de leitura intramuros com fortalecimento da cidadania, do protagonismo e da integração social, e se estende até quinta (23). O evento conta com a mobilização entre Judiciário, Executivo, escritores e escritoras, movimentos sociais e pessoas privadas de liberdade.
A Jornada é uma realização do CNJ e do Observatório do Livro e da Leitura, com apoio do Depen - Departamento Penitenciário Nacional, por meio do programa Fazendo Justiça, que tem ainda o Pnud - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento como parceiro. Estão participando mais de 8,5 mil pessoas em unidades prisionais em todo o país, além de outras 800 pessoas inscritas que acompanham o evento ao vivo pelo canal do CNJ no YouTube.
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