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Consideradas as três principais estatais do país, a Petrobras, a Eletrobras e o Banco do Brasil já perderam quase R$ 100 bilhões em valor de mercado apenas neste ano, de acordo com um estudo da Economatica. As informações são do portal G1.
Desde o início de 2021, as estatais têm uma história em comum: elas passaram por trocas de comando em meio a incertezas sobre o futuro dos negócios. Além de perder valor de mercado, as três companhias têm desempenho pior que o de rivais do mesmo setor no mercado acionário.
A performance negativa dessas empresas, que têm o governo como acionista controlador, é um sinal claro, segundo analistas, de que o mercado vê cada vez mais distante a agenda liberal prometida por Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018. E vão além: indicam preocupação com a postura mais intervencionista na economia.
"No atual governo, não se esperava uma intervenção dessa ordem", diz Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco ModalMais. "Nós tivemos mudanças de presidente na Petrobras, Eletrobras e Branco do Brasil por conta de o governo querer mudar alguma coisa que a gente não sabe muito bem o que é".
Em 2021, a troca mais traumática no comando foi feita na Petrobras. Insatisfeito com o aumento do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro decidiu indicar o general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco no comando da petroleira.
Neste ano, a Petrobras perdeu 22,5% (ou R$ 68,6 bilhões) em valor de mercado. Em dólar, a queda é ainda mais expressiva, de 34,5%. Já as concorrentes internacionais, como Exxon e Chevron, por exemplo, registraram um crescimento de 28,7% e 23,8%, respectivamente.
No último dia 18, foi a vez de André Brandão renunciar ao cargo de presidente do Banco do Brasil. Para o lugar de Brandão, o governo indicou Fausto de Andrade Ribeiro, funcionário de carreira da empresa. Ele será o terceiro presidente do BB na administração Bolsonaro.
Os papéis do BB também estão sofrendo mais do que as ações de seus pares. Bradesco, Santander e Itaú tiveram quedas de 2,6%, 10,3% e 11,7% em valor de mercado neste ano, respectivamente. Já o banco público perdeu 30,8%.
Na Eletrobras, a saída de Wilson Ferreira foi justificada por razões pessoais, mas, dias depois, o executivo foi indicado para comandar a BR Distribuidora. Na quarta-feira (24), o governo indicou Rodrigo Limp Nascimento para o cargo. Atualmente, ele é secretário do Ministério de Minas e Energia.
Ferreira sempre foi um defensor da privatização da Eletrobras, mas o processo nunca foi adiante. No fim de fevereiro, depois da mudança no comando da Petrobras, o governo enviou uma Medida Provisória para tentar acelerar a privatização da elétrica e dar um sinal para o mercado de que a agenda liberal não seria abandonada.
Mesmo com a MP, porém, economistas e investidores ainda são céticos com um eventual avanço da privatização da Eletrobras.
"É difícil você apostar que essa base política da Eletrobras desapareça e é difícil apostar que, numa situação como a atual, de fragilidade política do governo, seja possível encaminhar uma mudança nessa direção", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.
No setor elétrico, a Eletrobras tem o pior desempenho em relação a valor de mercado, segundo a Economatica: queda de 8,5%. A rival Eneva, por exemplo, viu seu valor aumentar 5,6%. Já CPFL, Engie Brasil e Equatorial tiveram quedas mais brandas, de 7,5%, 6,6% e 1,4%, respectivamente.
O setor também foi alvo de declarações de Bolsonaro. Em fevereiro, ele chegou a afirmar que iria "meter o dedo na energia elétrica".
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