O ‘corpo humano em um chip’ poderá acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos e até mesmo eliminar os testes em animais
Pesquisadores do Wake Forest Institute for Regenerative Medicine (WFIRM), parte da Faculdade de medicina em Winston-Salem, na Carolina do Norte (EUA), criaram um modelo de laboratório do corpo humano composto por órgãos que tem um milionésimo do tamanho dos originais. Com isso, poderão acelerar os testes de novos medicamentos, reduzir o custo de testes clínicos ou até mesmo eliminar os testes em animais.
O “corpo humano em um chip” contém organóides (versões simplificadas de um órgão real) compostos por tecidos tridimensionais formados por células do órgão correspondente. Ou seja, células do músculo cardíaco são usadas para fazer um “coração”, neurônios para o “cérebro”, etc.
Foram criados organóides correspondentes ao cérebro, coração, fígado, pulmão, testículos, sistema vascular e cólon, cada um desempenhando sua função original: o coração bate 60 vezes por minuto, o pulmão “respira” o ar ambiente e o fígado decompõe substâncias tóxicas. Um sistema circulatório leva nutrientes e medicamentos a todos os órgãos. Eles foram dispostos de forma a similar à encontrada no corpo humano, para que seja possível entender os efeitos que um medicamento para um órgão possa causar em seus vizinhos.
Usando o modelo, os cientistas foram capazes de reproduzir os efeitos de drogas que inicialmente foram aprovadas para uso em humanos, mas que mais tarde foram retiradas do mercado quando foi descoberto que poderiam ser prejudiciais. Testes tradicionais, com culturas de células arranjadas em uma estrutura bidimensional, não foram capazes de detectar a toxicidade, mesmo após três rodadas de testes clínicos.
O WFIRM já tinha experiência na construção de órgãos artificias em escala humana, desenvolvidos como alternativa para transplantes ao longo dos últimos 30 anos. Segundo o pesquisador Thomas Schupe “muitas das mesmas tecnologias que desenvolvemos em escala humana, como a inclusão de um ambiente natural para a cultura das células, também produziram excelentes resultados quando reduzidas ao nível microscópico”.
“O recurso mais importante de nosso modelo é a capacidade de determinar muito cedo durante o processo de desenvolvimento se uma substância é ou não tóxica aos seres humanos, e seu potencial para uso em medicina personalizada, disse o urologista Anthony Atala, que participou da pesquisa.
“Eliminar drogas problemáticas no início do procedimento terapêutico ou de desenvolvimento pode, literalmente, economizar bilhões de dólares e potencialmente salvar vidas”, disse ele. OLHAR DIGITAL
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