por Fernando Duarte / BN
Foi aberta a porteira nesta quinta-feira (4) para o troca-troca partidário, principalmente de vereadores que almejam uma nova casa para chamar de sua. Essa janela partidária foi uma alternativa encontrada pelos congressistas na última minirreforma eleitoral para fazer uma espécie de leilão sobre qual o terreno mais fácil para garantir as reeleições. Os vereadores foram uma consequência dessa "esperteza". E agora, como o direito os compete, farão essas mudanças sem muitos constrangimentos.
O efeito será perceptível principalmente na grandes cidades, onde os diretórios são minimamente estruturados e a infidelidade partidária poderia causar a perda dos mandatos. Ainda assim, essa dança das cadeiras de 2020 será ligeiramente diferente. Sem coligações proporcionais, as filiações vão obedecer ainda mais um pouco a lógica do cada um por si. Em Salvador, isso vai ser explícito e deve atingir, segundo previsões de membros da Câmara, até 13 vereadores. É um número relevante de figuras que estariam na "berlinda" quanto à renovação dos mandatos.
No entanto, não esperemos que tudo aconteça rápido. Como esse prazo se encerra em 4 de abril, algumas mobilizações vão acontecer nos bastidores e só devem vir a público mais próximo da data-limite. Até isso é uma estratégia eleitoral que pode ser decisiva para as urnas. Quanto menor o espaço de tempo para que os adversários se reestruturem, maior o risco dessas novas filiações lograrem êxito. Tanto do ponto de vista dos detentores de mandato quanto da perspectiva dos partidos políticos que tendam a ser inflados.
O caso das cadeiras trocadas em Camaçari é um bom exemplo de que não apenas o Legislativo pensa as mudanças partidárias como estratégicas. O prefeito Elinaldo "bancou" que os vereadores de sua base que quiserem renovar o mandato devem ficar concentrados em quatro legendas. É a antítese da pulverização outrora típica das eleições proporcionais. O fenômeno, inclusive, tende a se repetir em outras cidades, com a concentração dos postos em um número cada vez menor de partidos. É uma consequência indireta do fim das coligações proporcionais, amparada com a perspectiva de redução paulatina do número de legendas existente no Brasil. Parece que, nesse sentido, os tempos são outros.
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