O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu a parlamentares que vai ajudá-los com repasses para as regiões que os elegeram como tentativa de obter apoio para a reforma da Previdência.
Guedes ouviu de lideranças do Congresso que não há confiança no presidente Jair Bolsonaro (PSL) até agora.
O receio é dar propulsão a um governo que usa como trampolim o ataque à classe política e, por isso, não reconhece o esforço feito por aliados.
A reforma da Previdência é um tema árido e impopular, com elevado custo eleitoral, o que Guedes reconhece e, por isso, faz acenos de parceria com parlamentares.
A estratégia de liberação de dinheiro visa dar uma agenda positiva para os políticos apresentarem a suas bases, de olho nas eleições municipais de 2020, e converge com a promessa feita pelo ministro desde que se engajou na campanha de Bolsonaro com o slogan “Mais Brasil, menos Brasília”.
Por essa proposta, apoiadores poderão “vender” em seus redutos eleitorais a conquista de recursos federais obtidos com a reforma.
Para isso, na visão de Guedes, é importante que a reforma passe, na Câmara, ainda no primeiro semestre, e com o máximo de economia que puder gerar —o ministro fala em R$ 1 trilhão em dez anos.
Serão esses os recursos que financiarão a “agenda positiva” oferecida à classe política.
Apesar do aceno, parlamentares foram insistentes na questão da confiança do governo. www.blogdobg.com.br/
No caso da Previdência, destacaram que Bolsonaro já admitiu preferir uma idade mínima mais branda para as mulheres, o que transfere o ônus de manter a proposta original de Guedes para o Congresso.
A promessa de divisão de recursos federais é uma alternativa à distribuição de cargos, condenada pela “nova política”, que ainda é alvo de dúvidas, deboche e desconfiança.
A expressão adotada por Bolsonaro desde a campanha tem Guedes como um dos principais divulgadores. O assunto foi levantado por parlamentares em reunião na última terça-feira (12).
No encontro, Bolsonaro foi comparado a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que, segundo um dos presentes, não deu resultado positivo e enfrenta aumento da rejeição a um ano da eleição presidencial americana.
O diagnóstico de Guedes é que o atual modelo político provocou uma concentração de poder no governo federal, determinante para a corrupção nos governos do PT.
Na reunião com deputados, ele usou como exemplo a construção do estádio do Corinthians, que, para o ministro, só foi feito para agradar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em outra referência, disse que o ex-presidente petista escolheu Joesley Batista, dono da JBS, para receber recursos públicos e se tornar o maior produtor de carne do mundo.
Como troca, Batista comandou um esquema bilionário de financiamento ilícito de campanhas eleitorais nos últimos anos. Essa simbiose entre o poder político e o econômico, na visão de Guedes, está falido.
Ainda que possam ser convencidos de que o modelo político tem de mudar, os parlamentares dizem ter convicção de que o prejuízo eleitoral da reforma é concreto e querem dividir essa conta.
Eles pediram ao ministro um dispositivo para envolver diretamente os governadores na aprovação das mudanças da aposentadoria, de modo que não possam usar as críticas como bandeira eleitoral nas eleições municipais do ano que vem e do pleito em 2022.
Uma maneira de fazer isso é manter no texto da reforma a previsão de alterações para professores e policiais, o que exigirá confirmação de Assembleias locais.
Guedes acenou positivamente, segundo interlocutores, e disse que os governadores que não se alinharem não terão nenhum tipo de “balão de oxigênio” para superar a atual crise fiscal.
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